Indígenas liberam via de acesso a Belo Monte

Depois de mais de 70 horas de ocupação no Km 27 (Altamira-PA) da Rodovia Transamazônica, os índios não aldeados desobstruíram a via. Eles haviam ocupado a BR 230 no sábado […]

Depois de mais de 70 horas de ocupação no Km 27 (Altamira-PA) da Rodovia Transamazônica, os índios não aldeados desobstruíram a via. Eles haviam ocupado a BR 230 no sábado com a intensão de pressionar a Norte Energia (dona da Hidrelétrica de Belo Monte) a atender vários pontos de pauta, sendo o principal o direito ao reassentamento rural e urbano. A desocupação se deu com a proposta de uma mesa de negociação das pautas com a empresa, envolvendo também Ministério Público Federal, Defensoria Pública da União e Casa de Governo (governo federal).

 “Nós não ocupamos a via porque bandidos, e sim porque já é o último ano antes do barramento e a Norte Energia não melhorou nenhum pouco a qualidade de vida dos índios não aldeados, muito pelo contrário, a empresa só causou transtornos e preocupações”, afirmou Socorro Arara, representante da associação Tyoporemô.

A Procuradora federal Taís Santi lendo a pauta lembrou que essas reivindicações já foram apresentadas em uma audiência pública realizada em no mês de abril de 2013, mas que até hoje não fora encaminhado nada pela Norte Energia.

A representante da FUNAI falou que a Norte Energia não abre canal de diálogo com o órgão e que já faz mais de dois anos que é exigido o mapa da área de segurança do lago, que é para o órgão poder mapear possíveis áreas para o reassentamento rural.

Outros indígenas presentes reclamaram quanto a péssima qualidade da água na região da Volta Grande, um trecho de 100 km de rio que irá secar com a obra da barragem, e pediram que fosse cavado, urgentemente, um poço artesiano.

Na reunião ficou encaminhado que nos próximos dois dias a casa de governo irá elaborar uma ficha de cada famílias com seus respectivos problemas e que irá encaminhar a FUNAI e que o índios terão um espaço junto à DPU e ao MPF na próxima terça feira (20) para ajuizarem o processo contra a Norte Energia.

“O coordenador da presidência da República em Altamira já falou que em novembro o rio Xingu estará barrado, e que a Norte Energia já aproveitará o próximo inverno para colocar as turbinas para funcionar em março de 2016. Não acreditamos que até lá todos esse problemas estarão resolvidos, por isso será necessário mais luta e organização do povo para lutar por seus direitos nesse período”, afirma Jackson Dias, militante do MAB.

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