Sem água há 10 dias, moradores de Miritituba trancam Transamazônica
Os moradores do distrito de Miritituba (município de Itaituba, região do Tapajós) cansaram de esperar. Depois de mais de 10 dias sem ver a água sair das torneiras e sem […]
Publicado 06/12/2014
Os moradores do distrito de Miritituba (município de Itaituba, região do Tapajós) cansaram de esperar. Depois de mais de 10 dias sem ver a água sair das torneiras e sem ação da prefeitura, decidiram trancar a rodovia Transamazônica, que corta o distrito. A interrupção durou 3 dias.
O Movimento dos Atingidos por Barragens esteve presente e foi solidário à manifestação. O distrito tem crescido de forma desordenada, com o avanço do agronegócio. A região é atingida pela construção de portos para escoamento da soja produzida no Mato Grosso.
O estopim da manifestação foi a queima da bomba dágua que abastece o local. Após a interdição, a prefeitura propôs que no prazo máximo de 15 dias a bomba estaria no distrito, pois é o prazo que levaria para a transportadora entregar a bomba, vinda do estado do Paraná, cerca de 3 mil km de distância.
Não aceito o acordo, os moradores continuaram interditando a rodovia, fazendo baldeação de 06 em 06 horas. Depois de três dias de interdição, a empresa do agronegócio Bunge, dona de um dos portos que impacta a região, aceitou fazer a compra da bomba e os manifestantes desocuparam o local.
Região é afetada pelo avanço do capital
As contradições dos grandes investimentos já podem ser vistas pelas pautas concretas que tem aumentado na região. Em Miritituba, além da falta de água existe a falta de saneamento básico, falta de energia, educação e saúde, sem contar a falta de segurança nos distritos.
Essa não é a primeira e nem a ultima mobilização que acontece neste distrito. Meses atrás o bairro Nova Miritituba fechou a rodovia por sete dias cobrando água, energia, creche e posto de saúde para o bairro. Dessas demandas, apenas avançou a passos lentos a perfuração de um poço artesiano, que não garantiu água na casa de todos os moradores daquele bairro, pois a energia que chegou até o bairro não dá conta de rodar a bomba dágua a plena capacidade.
Está prevista para a região a construção de 23 portos no rio Tapajós para o escoamento da produção do agronegócio, além da previsão da construção do Complexo Hidrelétrico Tapájós, cuja primeira usina, São Luís, deve ser leiloada ainda no próximo ano.