Soberania nacional é discutida no Seminário de Energia da Região Sudeste

No segundo dia do Seminário Modelo Energético Brasileiro: Atualidades e Perspectivas, que acontece desde ontem (9) no Rio de Janeiro, o tema de debate foi sobre a indústria energética no […]

No segundo dia do Seminário Modelo Energético Brasileiro: Atualidades e Perspectivas, que acontece desde ontem (9) no Rio de Janeiro, o tema de debate foi sobre a indústria energética no Brasil e os desafios para a classe trabalhadora na construção do Projeto Energético Popular.

O Seminário está sendo organizado pela Plataforma Operária e Camponesa para a Energia e o evento no Rio de Janeiro é o último da série de seminários regionais que já aconteceram nas cidades de Florianópolis, Recife e Belém. Eles deram sequência ao Seminário Nacional da Energia, ocorrido em maio deste ano, em Belo Horizonte (MG) e a perspectiva é que até o final do mês de setembro, as organizações que integram a Plataforma entreguem a síntese dos debates à Presidenta Dilma.

Durante a mesa da manhã de hoje estiveram presentes o geólogo e ex diretor da Petrobras, Guilherme Estrella, Franklin Moreira, presidente da FNU e Gilberto Cervinski, da Coordenação do Movimento dos Atingidos por Barragens.

Estrella deu destaque para a importância da energia para a soberania do nosso país. Segundo ele só um país com soberania de decisão sobre suas riquezas energéticas é um país soberano. “O Brasil é um país diferenciado na energia e no século 21 exerce um papel muito importante no cenário internacional, pois, ciente de que a energia é a base da sustentação hegemônica no mundo, nosso país surge como um novo protagonista ao se transformar em um país soberano energeticamente”.

O outro debatedor, Franklin Moreira, questionou o atual modelo de consumo energético mundial, que baseado no padrão de vida norte americano é insustentável. “Com 5 % da população mundial, os Estados Unidos é responsável por 25% de todo o consumo energético de todo o mundo. Se esse padrão de consumo continuar, não há sustentabilidade”, declarou. Ele mencionou também que governos do terceiro mundo estão voltando para questões nacionais no campo da energia. “Os países perceberam que é chegada a vez de se desenvolverem e a energia é central para isso. Então cada vez mais os governos de esquerda, principalmente da América Latina, tomaram medidas populares no campo da energia. As medidas que o governo brasileiro fez no último período foi importante para a retirada de 30 milhões de pessoas da miséria”, mencionou.

Já Gilberto Cervinski fez uma análise do setor elétrico brasileiro e segundo ele, hoje é o sistema financeiro internacional que organiza o setor. Segundo ele, a partir das privatizações do setor, com a investida neoliberal no país nos anos 90, houve um fracionamento em geração, transmissão e distribuição da energia elétrica para atender o interesse das empresas que exigem altas taxas de lucro. “E o principal mecanismo para sustentar esse lucro é a tarifa cobrada todo mês a 64 milhões e 300 mil residências. É dessa forma que se materializa o lucro das empresas”, declarou.

Gilberto também falou da importância da unidade da classe trabalhadora para enfrentar o inimigo principal, que é o imperialismo. “No nosso país temos que estar bem preparados para enfrentar o inimigo de caráter internacional e isso exige de cada organização que tenhamos a plena consciência que este é um inimigo poderosos, e para enfrentá-lo não podemos nos dividir enquanto classe e nem fazer a luta com espontaneidade. Ao contrário, o momento exige um alto preparo da classe trabalhadora, essa luta não envolve só os trabalhadores do setor elétrico e os atingidos, mas a classe como um todo”, disse.

Interesse do imperialismo no pré-sal

Com relação ao pré-sal, a mesa mostrou consenso que o imperialismo tem grande interesse nessa imensa riqueza. “Quem tem tecnologia para explorar o petróleo em águas profundas? Quem tem o controle sobre os maiores campos?”, questionou Cervinski. “Sabemos que a Petrobrás é uma empresa com uma marca nacional, com identidade junto ao povo brasileiro. E isso incomoda as grandes corporações e o imperialismo estadunidense. Então o Brasil está no centro de disputa para a apropriação dessa riqueza por estas empresas”, disse.

Já Estrella disse que com a onda neoliberal nós perdemos o Brasil. “Esta afirmação é definitiva no sentido da perda de parte da nossa soberania pelas privatizações, mas não é definitiva no tempo”, declarou. “Com a eleição de Lula, retomamos o Brasil para nossas mãos na hegemonia da Petrobras no setor de petróleo no Brasil. Esta foi uma decisão de governo e que incomodou a muitos”. Mesmo assim, declarou que ainda há dificuldades na retomada da soberania devido ao grande força do imperialismo.