Seminário regional sudeste sobre energia começa com debate sobre geopolítica energética mundial
Nesta terça-feira, 09, iniciou o Seminário Modelo Energético Brasileiro sobre energia, organizado pela Plataforma Operária e Camponesa para Energia que é composta pela FUP, MAB, FNU, Via Campensina, Fisenge, Stui […]
Publicado 09/09/2014
Nesta terça-feira, 09, iniciou o Seminário Modelo Energético Brasileiro sobre energia, organizado pela Plataforma Operária e Camponesa para Energia que é composta pela FUP, MAB, FNU, Via Campensina, Fisenge, Stui DF, Sinergia, Sindieletro. O seminário realizado no Rio de Janeiro é o último de uma série de eventos regionais da plataforma e tem como principal tema de debate a geopolítica da energia e as perspectivas da indústria energética no Brasil.
Os participantes do seminário foram saudados pelo Coordenador Nacional do MAB, Gilberto Cervinski, que além de ter feito uma análise da atual conjuntura de luta dos trabalhadores do campo e da cidade, afirmou que vivemos um período de disputa ideológica devido à tentativa da direita em voltar ao poder. A disputa pela apropriação privada da energia brasileira voltou com força, por isso os trabalhadores devem estar unidos e organizados para intensificar esta luta por um projeto energético popular, seja no petróleo ou na energia elétrica, afirmou Cervinski.
A mesa sobre energia e geopolítica mundial de energia foi composta pelo professor da Universidade Federal do ABC Paulista, Igor Fuser, pelo diretor da Secretaria de Relações Internacionais da FUP (Federação Única dos Petroleiros), João Antonio de Moraes e pelo representante da Fisenge (Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros), Agamenon Oliveira.
Moraes iniciou sua fala afirmando a importância mundial do petróleo, fazendo um breve histórico deste setor no Brasil, passando pela criação da Petrobrás, o momento da campanha O Petróleo é Nosso, o período da tentativa de privatização da Petrobrás, a descoberta do pré-sal e a mudança do modelo de concessão para a atual lei do petróleo, que é o de partilha e permite que a Petrobrás seja operadora única do Pré-Sal. Moraes também falou sobre a construção do ato em defesa do Pré-Sal, da Petrobrás e do Brasil, que será realizado na próxima segunda-feira, 15, na Cinelândia, no Rio de Janeiro e, conclamou: Os trabalhadores tem de estar unidos nesta luta de classe, que representa a defesa da principal riqueza do Brasil atualmente, ressaltou o sindicalista.
Igor Fuser, professor da Universidade Federal do ABC Paulista, afirmou que é importante olharmos o que está acontecendo lá fora, na energia, na política, para conseguirmos entender a disputa da geopolítica energética mundial. O professor usou o exemplo do Oriente Médio, em especial o Iraque, que tem a terceira maior reserva mundial de petróleo e que, há anos foi invadido pelos EUA e vive em guerra. Fuser também falou sobre a disputa do petróleo no Brasil, feita pela elite brasileira, que é a favor da entrega da soberania energética às empresas multinacionais. Os EUA tentam impedir a soberania energética dos países periféricos, já que estes países, ao se desenvolverem, atrapalham a supremacia do império estadunidense. Quando o marco regulatório do pré-sal foi debatido, por exemplo, o discurso do mercado era que a Petrobrás não tinha pernas e capacidade para dar conta da exploração destas jazidas, mas felizmente, tudo isso tem sido desmentido, já que a Petrobras é a maior empresa de petróleo do Brasil e da América Latina, e, graças aos investimentos nesta empresa, é que o pré-sal foi descoberto e já é explorado, ressaltou Fuser.
O diretor da Fisenge, Agamenon Oliveira, fez uma exposição sobre o histórico da energia elétrica, passando pela descoberta do petróleo, em 1939, citando a renovação do campo energético brasileiro. “O modelo energético no Brasil ficou ainda mais perverso na década de 90 com a total desregulamentação”, afirmou Agamenon. Sobre a maior empresa do setor elétrico e a maior de petróleo do Brasil, o sindicalista ressaltou que a fusão das duas seria totalmente benéfico para o país.
Em relação às tarifas do setor elétrico, existem duas questões centrais: regulação e especulação da tarifa e o modelo do setor elétrico, que deve servir ao povo brasileiro, e não às empresas”, finalizou Agamenon.
Na parte da tarde, o debate será sobre os desafios da soberania energética e alimentar, com participação da representante do MST/Via Campensina, Marina Santos, de mais um representante da Fisenge, Jorge Antonio e dos representantes da área de gás e energia da Petrobrás, Helio Seidel e Julio Cezar Jeronimo dos Santos.
O Seminário Atualidades e Perspectivas do Modelo Energético Brasileiro, realizado pela Plataforma Operária e Camponesa para Energia, prossegue até amanhã, com debates sobre a atualidade e perspectivas da indústria energética no Brasil e os desafios para a classe trabalhadora na construção de um projeto energético popular.