MAB debate a questão da água em Paris
Foto: Carlo Dojmi Di Delupis/Re:Common Na quinta e sexta-feira (21 e 22 de agosto), o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) participou de uma mesa de discussão sobre a financeirização da […]
Publicado 25/08/2014
Foto: Carlo Dojmi Di Delupis/Re:Common
Na quinta e sexta-feira (21 e 22 de agosto), o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) participou de uma mesa de discussão sobre a financeirização da água, no marco da Universidade Europeia de Verão dos Movimentos Sociais, localizada em Paris, capital francesa.
Organizada pela ATTAC (Associação para a Tributação das Transações Financeiras), a mesa se inseriu dentro de uma série de fóruns, seminários, debates, workshops e apresentações culturais que discutiram, entre os dias 19 e 23 de agosto, a atual crise do capitalismo financeiro e suas alternativas.
Financeirização da água: Desafios europeus e internacionais de resistências, coordenado pelo MAB e pela RE: Common (Itália), contou com a presença da Rede por uma Nova Cultura da Água (Catalunha), MAPDER (México), Fundação Abril (Cochabamba, Bolívia), Save Greek Water (Grécia), Corporate Europe Observatory (Belgica) e do European Water Movementet.
Nas palavras de Tancredi Tarantino, da Re: Common, o objetivo da mesa é analisar a questão desde outra perspectiva que não a dos mercados e do lucro, e mais como uma ferramenta de impacto sócio-ambiental. Financiar barragens, por exemplo, não tem nada de verde.
Jeronimo Osório, da Frente Petenero contra as Presas, apresentou o caso dos atingidos da Guatemala, onde já foram construídas 160 hidrelétricas e mais de 30 serão construídas nos próximos anos. Todos esses territórios se encontram hoje militarizados. Enquanto a produção de energia do país soma 2.700 megas, o consumo total só soma 1.500 megas. Onde estão 1.200 megas que faltam? Além disso, ainda temos 30% guatemalteca sem acesso à água, afirmou.
Já Miodrag Dakic, do Centro Ambiental de Banja Luka, Bosnia e Herzegivina, apresentou no seminário um angulo de visão algo diferente, ainda que com muitos pontos comuns com os depoimentos anteriores. Dakic assinalou que a Itália é uma das grandes interessadas em importar energia da Bósnia, Sérvia e Montenegro, para gerar lucro. Na atualidade temos 220 pequenas e médias barragens na região balcânica, e estão em projeção 400 novas barragens. No entanto, os planos foram feitos nos anos 70, o que leva a um desconhecimento dos efeitos ambientais e sociais que poderia ter as suas construções na atualidade.
Dakic também colocou em discussão o modelo de gestão da água levado a cabo pela região dos Bálcãs, que está tendo efeitos devastadores e que, na visão dele, deveria estar nas mãos da população. Os rios estão ficando pobres assim como as inspeções ambientais.
Este debate serviu para socializar as lutas que estão acontecendo em várias partes do mundo pelo acesso à água, bem como a unificação dessas organizações na luta contra a apropriação privada de água e energia por empresas transacionais.