Ameaçados por hidrelétricas binacionais mobilizam-se contra as obras no Rio Uruguai
Os atingidos não deixarão que sejam realizados os estudos e as reuniões planejadas pelo Consórcio Rio Uruguai Energia antes seja feito um acordo coletivo e a aprovação da política nacional. […]
Publicado 09/05/2014
Os atingidos não deixarão que sejam realizados os estudos e as reuniões planejadas pelo Consórcio Rio Uruguai Energia antes seja feito um acordo coletivo e a aprovação da política nacional.
As famílias que estão sendo ameaçadas pelo projeto de barragens Binacional Garabi e Panambi, projetadas para o trecho internacional do Rio Uruguai entre o Brasil e Argentina, continuam mobilizadas e reafirmando o posicionamento contrário a construção das obras.
Nas últimas semanas a equipe que faz parte do Plano de Comunicação do Consórcio Rio Uruguai Energia, foi impedida pelas famílias do município de Porto Mauá, de fazer as reuniões que estavam sendo programadas nas comunidades ameaçadas na região noroeste do Rio Grande do Sul.
A pescadora Tereza Maciel ameaçada pela barragem de Panambi relata que em sua comunidade o consórcio realizou as reuniões no intuito de convencer a população de que essas barragens trarão desenvolvimento, boas indenizações e o progresso para região. A propaganda de geração de empregos com a construção das barragens é uma ilusão aos moradores locais, pois são empregos temporários e milhares de trabalhadores ficarão desempregados depois da conclusão da obra. Ela salientou também que os valores que ficarão na região em virtude dos royaties não suprirão a quantidade de dinheiro que as áreas alagadas deixarão de produzir, diz a pescadora.
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), juntamente com Igreja de Confissão Luterana no Brasil e a Diocese de Santo Ângelo, além realizar encontros formativos nas comunidades, está buscando mediar as negociações entre as empresas e as famílias ameaçadas e, principalmente, pressionando os governos a criar uma política nacional e estadual que garanta o direito das populações atingidas caso for construída as obras.
Para garantir a construção, empresas e governo elaboram táticas de dominação sobre toda região para implementar o plano que vão instalar logo adiante. De acordo Neudicléia de Oliveira da coordenação do MAB, as práticas utilizadas na região buscam neutralizar ou ganhar amplo apoio e legitimidade na sociedade e ao mesmo tempo tentam isolar, enfraquecer e diminuir a resistência à construção da obra, bem como criar condições para reduzir quantitativa e qualitativamente os direitos dos atingidos.
Os atingidos afirmam que continuarão mobilizados e não deixarão que sejam realizados os estudos e as reuniões antes seja feito um acordo coletivo e a aprovação da politica nacional.