Atingidos por Belo Monte discutem pauta com governo e Norte Energia

“Norte Energia usa a tática de levar para reassentamento primeiro as famílias em situação de extrema pobreza para criar esse clima de que as famílias do alagado estão melhorando de […]

“Norte Energia usa a tática de levar para reassentamento primeiro as famílias em situação de extrema pobreza para criar esse clima de que as famílias do alagado estão melhorando de vida”, denunciam atingidos

Aconteceu nessa quarta-feira (22 de janeir) uma reunião na Casa de Governo (Altamira). De um lado estavam representantes do IBAMA, da Casa de Governo, do Incra e da Norte Energia e, de outro, famílias atingidas por Belo Monte, acampados em Brasil Novo, camponeses da região de Assurini, carroceiros de Altamira e moradores da Área Urbana.

Os principais pontos de pauta eram: liberação de terreno e construção de casas para as famílias acampadas de Brasil Novo (100 famílias) e Vitória do Xingu (quase mil famílias); construção de ponte na travessia do Xingu (6 km) para Assurini, onde moram em torno de 30 mil pessoas, e reassentamento das famílias atingidas; denúncia da imposição de casa de concreto às famílias atingidas de Altamira com reivindicação de Reassentamento Urbano Coletivo; condições para a continuidade do trabalho dos 130 carroceiros, que sustentam em torno de 600 pessoas.

Ficou decidido envio de documento ao Ibama para avaliação de reconhecimento dos carroceiros como atingidos por Belo Monte já que o òrgão aprovou a barragem sem considerá-los atingidos; formação de grupo de trabalho (MAB, INCRA, IBAMA, Casa de Governo e Norte Energia) para discutir reassentamento das famílias de Assurni; continuar pressão sobre Secretaria de Educação do Pará (a área ocupada em Brasil Novo está em nome dessa secretaria) para repasse do terreno às famílias acampadas.

Em relação às casas de concreto em Altamira não ficou encaminhado nada. Cleide, representante da Casa de Governo, disse que as famílias que já mudaram para lá estão felizes. Os atingidos protestaram, afirmando que a Norte Energia está usando a tática de levar primeiro as que se acham em situação de extrema pobreza para criar esse clima de que as famílias do alagado estão melhorando de vida. Ainda segundo os atingidos, algumas famílias disseram que vão para lá porque não têm outra opção, pois a indenização delas ficaria em torno de 40 mil reais.

O MAB entende que as casinhas de concreto impostas às famílias são uma afronta ao direito à moradia e às políticas públicas básicas e fere o Plano Básico Ambiental (PBA) da barragem de Belo Monte, que determina a construção de Reassentamento Urbano Coletivo com casas de alvenaria e toda infraestrutura necessária.

A reunião de ontem faz parte da “formação rodada”, uma experiência que une debate e ação prática, e está dentro do plano de preparação dos atingidos por barragens para as lutas de 14 de março.

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