Atingidos e ameaçados cobram da Eletrobrás cancelamento de Garabi e Panambi
Na última sexta-feira, dia 4, aproximadamente 700 ameaçados pelas barragens de Garabi e Panambi do Brasil e da Argentina participaram de uma grande reunião com o representante da Eletrobrás, Valter […]
Publicado 06/10/2013
Na última sexta-feira, dia 4, aproximadamente 700 ameaçados pelas barragens de Garabi e Panambi do Brasil e da Argentina participaram de uma grande reunião com o representante da Eletrobrás, Valter Cardeal, e com o Grupo de Trabalho criado pelo governo do estado do Rio Grande do Sul para discutirem sobre os projetos das duas barragens, previstas para o trecho internacional do rio Uruguai, entre o Brasil e a Argentina. A reunião, que aconteceu na cidade gaúcha de Santa Rosa, também reuniu famílias ameaçadas pela UHE de Itapiranga.
Entre as autoridades representantes do governo do estado do Rio Grande do Sul estiveram presentes o secretário de estado do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, Marcelo Danéris; o secretário do Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo, Ivar Pavan; e o secretário de Planejamento, João Mota.
O clima de tensão esteve presente em todo o período da reunião e qualquer manifestação por parte das autoridades que apoiava a construção das obras ou que mencionava indenizações e valores foi amplamente vaiada pela população, que também reclamou de falta de informação sobre os projetos.
As lideranças do MAB, como os pescadores e agricultores, as lideranças argentinas, comerciantes e os representantes dos sem terra e das igrejas demarcaram nas suas falas uma posição bastante firme contra a construção das duas obras e questionaram a postura do governo brasileiro em querer construí-las.
Os representantes do governo do estado também questionaram a postura até aqui adotada pela Eletrobrás, que não informa devidamente o próprio governo gaúcho, os prefeitos da região e principalmente a população. Outra posição defendida pelo governo estadual foi a de que, se as barragens vierem a ser construídas, antes mesmo das obras físicas iniciarem cabe às empresas construtoras preverem e pagarem todos os custos sociais e ambientais que possam ocorrer com a obra.
Não pode e não deve sobrar nem para a população, nem para o governo do estado e municípios pagarem a conta destas obras, alertou o secretário Ivar Pavan. Entre as propostas defendidas por ele está a compra antecipada de grandes áreas de terra para reassentamento das famílias. Todos os presentes elogiaram o fato de que, pela primeira vez na história do estado, o governador Tarso Genro tenha criado um Grupo de Trabalho com a responsabilidade de acompanhar todas as questões sociais e ambientais da obra.
Como um dos encaminhamentos da reunião, ficou definido que todos os trabalhos a campo continuam paralisados, no mínimo até que sejam feitas as reuniões nos 19 municípios ameaçados, previstas para ocorrerem nos próximos dois meses. Esta é uma das principais reivindicações das famílias ameaçadas. O governo do estado, o MAB e a Eletrobrás farão uma agenda de trabalho marcando e realizando estas reuniões em todos os municípios.