Todo apoio aos trabalhadores da barragem de Belo Monte
Revoltas nos canteiros de obras são constantes na construção de barragens no Brasil, cuja história é uma sucessão de episódios de violação dos direitos humanos cometidos pelas construtoras e proprietárias, […]
Publicado 13/11/2012
Revoltas nos canteiros de obras são constantes na construção de barragens no Brasil, cuja história é uma sucessão de episódios de violação dos direitos humanos cometidos pelas construtoras e proprietárias, seja contra as populações atingidas, seja contra os trabalhadores das obras
Neste fim de semana, protestos contra as condições de trabalho tomaram conta dos canteiros de obras da barragem de Belo Monte. Alojamentos foram incendiados e equipamentos foram destruídos nos sítios de Belo Monte e Pimental. As obras foram paralisadas.
As manifestações ocorreram durante o processo de negociação do acordo coletivo entre os trabalhadores da obra e o Consórcio Construtor de Belo Monte (CCBM), cuja data-base é o mês de novembro.
Para o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), os casos de destruição nos canteiros não são isolados e nem devem ser analisados simplesmente sob o ponto de vista criminal, como querem as empresas. Eles são constantes na construção de barragens no Brasil. Tal história é uma sucessão de episódios de violação dos direitos humanos cometidos pelas construtoras e proprietárias, seja contra as populações atingidas, seja contra os trabalhadores das obras. Portanto, as reivindicações por melhores condições de trabalho são mais que justas.
Apenas nos últimos três anos, casos semelhantes já aconteceram nas usinas de Jirau e Santo Antônio, no rio Madeira, também na Amazônia, e em outras barragens pelo Brasil, como Foz do Chapecó, em Santa Catarina. Na ânsia das empresas em acelerar a construção, e assim aumentarem seus lucros, os trabalhadores das barragens são frequentemente expostos a situações-limite como jornadas extenuantes, alojamentos precários, insegurança no trabalho, violência, perseguição e ameaças constantes de demissão, entre outros.
Em Belo Monte, há 13 mil trabalhadores, mas a expectativa é que o número chegue a 23 mil em 2013, quando deverá ocorrer o pico de construção da obra. Dos trabalhadores da obra, apenas cerca de 40% são da região onde é construída a barragem, incluindo os municípios de Altamira, Vitória do Xingu, Brasil Novo e Souzel, sendo que mais da metade são trabalhadores de fora do estado do Pará. A construção de uma obra como essa dimensão gera um verdadeiro barril de pólvora pronto a explodir a qualquer momento. E os mais prejudicados nessas situações são sempre os trabalhadores, que são demitidos e criminalizados.
Na segunda-feira, após os protestos, muitos trabalhadores saíram de suas casas para ir ao canteiro de obras, mas o transporte não chegou. Os que estavam nos canteiros juntaram suas coisas e saíram a pé pela Transamazônica, rumo à cidade de Altamira. As obras foram suspensas pelo consórcio, mas os trabalhadores não foram oficialmente informados e ficaram desamparados. Muitos decidiram abandonar o emprego e voltar para suas terras, sem sequer buscar seus direitos trabalhistas, com medo de perder tudo. O CCBM agiu com imensa irresponsabilidade.
Liderado pela Andrade Gutierrez, o CCBM reúne também as construtoras Camargo Corrêa, Odebrechet, Queiroz Galvão, OAS, Contern, Galvão, Serveng, J. Malucelli e Cetenco. O consórcio é contratado pela dona da barragem, a Norte Energia S.A., que é formada por empresas como Neoenergia, Cemig, Light e J Malucelli, eletrointensivas como a Vale e a Sinobras, fundos previdenciários (Fucef e Petros) e estatais (Eletrobras, Chesf e Eletronorte). Essas empresas vão lucrar, durante os 30 anos de concessão da obra, mais de R$ 100 bilhões, às custas dos direitos dos atingidos e da exploração dos trabalhadores.
O MAB é solidário à luta dos trabalhadores da barragem de Belo Monte e apoia suas justas revindicações por melhores condições de trabalho. Com eles nos identificamos como classe que produz a riqueza desse país e segue sendo explorada.