Plataforma promove Seminário Nacional sobre a transição energética com participação popular

Evento debate como garantir que a transição energética aconteça a partir de um modelo justo para os povos e territórios

Seminário alerta que a transição energética só serve ao povo brasileiro se for justa e popular. Foto: Klézi Martins / MAB

A Plataforma Operária e Camponesa de Água e Energia (POCAE) realiza nesta quarta-feira (17), o Seminário Nacional “Realidades e Perspectivas da Transição Energética na Ótica dos Trabalhadores”. O encontro tem como objetivo aprofundar a análise crítica dos desafios da transição energética, considerando seus aspectos históricos, conceituais e geopolíticos, a partir da soberania popular e das lutas da classe trabalhadora e camponesa.

A programação prevê que durante o dia os participantes reflitam os horizontes futuros para a luta por uma transição energética justa e popular, partindo de uma análise histórica e geopolítica. Cecy Maria Martins Marimon, diretora do Sinergia e Presidenta da Federação dos Urbanitários do Sul, aponta que a discussão necessária nasce de duas questões: Lutamos por uma transição energética ou da matriz elétrica? E que seja justa para quem? 

Cecy explica: “A transição energética vai além de apenas mudar da energia hidráulica para a energia solar e energia eólica. Além disso, se ela for justa apenas para os países do norte, para quem detém o capital, ela não vai atender de forma alguma as necessidades dos trabalhadores do sul global. Então, nós precisamos pensar em uma transição energética justa para os povos e para os territórios, onde se compreenda que vai muito além de simplesmente mudar a matriz. Tendo em vista sempre de que forma os trabalhadores vão ser impactados com essa mudança”.

Rumo a Belém

Há menos de dois meses do IV Encontro Internacional dos Atingidos por Barragens e da Cúpula dos Povos, que acontecem durante a Cop 30, em Belém, o Seminário é um espaço privilegiado de articulação, formação política e fortalecimento da unidade de ação da Plataforma, que conta com a participação de organizações sindicais, movimentos populares, pesquisadores e trabalhadores de diversas categorias.

Para Cecy, o seminário será oportunidade para aumentar a discussão, ampliar o entendimento e ouvir todos os segmentos afetados. “Precisamos perceber que, embora a Cop 30 seja praticamente inacessível à classe trabalhadora, já que as decisões serão tomadas num outro âmbito, nós vamos ter uma bela oportunidade de colocar as pautas de uma transição energética que atendam minimamente aos trabalhadores e aos territórios”, aponta.

Ela alerta também para a necessidade de se pensar o impacto daquilo que o capital vem chamando de transição energética. “O que estamos vendo é a precarização dos postos de trabalho, a terceirização desenfreada e que, mesmo os trabalhadores próprios das empresas que atuam no setor renovável, estão num patamar muito abaixo de direitos, de dignidade, de remuneração e de acesso ao seu local de trabalho. Então, as condições de trabalho dignas também devem ser uma das nossas grandes bandeiras na luta por uma transição energética justa”, finaliza Cecy.

O Seminário Nacional acontece das 9h às 17h de quarta-feira (16), na Associação de Aposentados e Funcionários do Banco do Brasil (AAFBB), Xerém, Duque de Caxias/RJ.

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