MAB promove curso de Sistema Agroflorestal como alternativa de recuperação de áreas degradadas

Garantir a geração de renda e soberania alimentar nos territórios atingidos, como alternativa de mitigação à crise climática, estão entre os objetivos do curso.

Curso sobre Agrofloresta em Rondônia. Foto: Thomas Bauer / H3000
Curso sobre Agrofloresta em Rondônia. Foto: Thomas Bauer / H3000

Nos dias 25, 26 e 27 de abril, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) em Rondônia, por meio da Associação de Preservação do Meio Ambiente e dos Rio Amazônicos (APREMARA), realizou o curso de Sistema Agroflorestal como alternativa de recuperação de áreas degradadas, geração de renda e soberania alimentar, no Rancho Alegre, em Candeias do Jamari (RO).

“O MAB viabilizou esse curso devido à necessidade da democratização do acesso aos saberes que impulsionam o conhecimento e fortalecimento do trabalho -que os agricultores familiares já desempenham nas bases -, através do conceito e a prática de agroflorestas. Esta experiência atua diretamente frente à mitigação e adaptação à crise climática, reforçando um modelo de produção que fuja dos moldes convencionais de produção, com uso de agrotóxicos e insumos químicos. Trazendo uma  alternativa de geração de renda, através da recuperação de áreas degradadas, trazendo a biodiversidade, tanto das espécies a serem cultivadas quanto da possibilidade de um resgate de pertencimento do ser humano junto a natureza”, afirma Laércio Cavalcante, da Coordenação estadual do MAB.

Para Maria Augusta, moradora do Rancho Alegre e militante do MAB, “o curso foi de um aprendizado muito grande, só trouxe conhecimento de coisas que precisávamos aprender, como devemos tratar a natureza. Através da agroecologia, adquirimos alimentos e ao mesmo tempo cuidamos da natureza”.

O curso foi ministrado por Murilo Arantes, da AgroSintropia que reforça que “o sistema agroflorestal é uma alternativa viável para a Amazônia. Com técnica, e sabendo ler a natureza, aproveitamos o máximo desse conhecimento que está na natureza para fazer as roças produtivas”.

A atividade reuniu mais de 40 pessoas, entre representantes de comunidades atingidas e organizações parceiras, como do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Instituto Padre Ezequiel Ramin (IPER), Agrotropical Amazônia, Associação dos Produtores do Agro-Silvopastoril Sustentáveis de Santa Rita (ASPASSARI), Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP/UNIR), e representantes governamentais, como a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMA) de Porto Velho (RO) e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) de Candeias do Jamari (RO).

Entre os temas abordados durante o curso estão os princípios da Agricultura Sintrópica, a valorização dos saberes tradicionais da agricultura, o planejamento de sistemas agroflorestais, o preparo do solo e adubação orgânica, o plantio com sucessão vegetativa, o desenvolvimento de consórcios (fruticultura e roça agroflorestal) e as técnicas de manejo e poda como aceleradoras de processos.

Participantes do curso realizam implementação de agrofloresta no Rancho Alegre (RO). Foto: Laércio Cavalcante / MAB

Nesse sentido, a formação se consolidou como mais uma iniciativa em defesa da vida, da floresta e da dignidade das populações atingidas, reafirmando o compromisso com práticas sustentáveis e o fortalecimento da agricultura popular, camponesa e ribeirinha na Amazônia, essenciais para a mitigação dos impactos climáticos advindos do sistema de produção capitalista.

Sementes que representam esperança para as populações atingidas e o compromisso com uma agrofloresta mais sustentável. Foto: Maurício Ramos / MAB

Foram plantadas 494 mudas de 20 espécies diferentes em uma área de 60 por 30 metros, que vai ser acompanhada mensalmente. Pelos próximos meses, ações como essa serão realizadas em outras regiões de comunidades atingidas. O curso faz parte do projeto Rede Floresta, uma iniciativa do Instituto Centro de Vida (ICV), com apoio do Ministério das Relações Exteriores da Noruega (MFA) e da Iniciativa Internacional para o Clima e as Florestas da Noruega (NICFI).

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