Atingidos de quatro continentes decidem construir o IV Encontro Internacional de comunidades atingidas por barragens e pela crise climática
Encontro ocorrerá em 2025, na cidade de Belém do Pará, na Amazônia brasileira
Publicado 19/08/2024 - Atualizado 19/08/2024
Mais de 70 representantes de diversos movimentos populares, que organizam e apoiam as populações atingidas no Continente Americano, da África, Asia e Europa, estiveram reunidos em Havana, Cuba, para organizar o IV Encontro Internacional de Comunidades Atingidas por Barragens e pela Crise Climática, que acontecerá em novembro de 2025 no Brasil. O Encontro será realizado paralelamente à COP 30, na Amazônia brasileira.
Parte do processo de formação e construção do Movimiento de Afectados por Represas (MAR), a atividade incluiu estudos, troca de experiências, debates e definições estratégicas que o MAR deverá cumprir até o próximo Encontro Internacional.
A delegação internacional também participou, junto com diversas autoridades do país, do Ato de Comemoração do 26 de julho, durante o 71º aniversário do Assalto ao Quartel Moncada e Carlos Manuel de Céspedes, no município de Cotorro, província de Havana. Também realizaram diversos passeios e visitas às experiências produtivas e culturais, com o objetivo de enriquecer conhecimentos e trocar aprendizados.
A coordenação provisória do MAR destaca que este encontro de representantes de quatro continentes foi um histórico. Pois inaugura um processo amplo e democrático de preparação ao IV Encontro Internacional de Atingidos e fortalece importantes pontos de unidade, para que as populações atingidas por barragens, por crimes socioambientais e pela crise climática se constituam como um sujeito internacional importante, pois todas as previsões indicam que milhões de pessoas podem ser atingidas por estes eventos extremos nos próximos anos. Casos de crimes ocorridos em Mariana e Brumadinho no Rio Doce, no Brasil, de grandes inundações na África e na Ásia, bem como as ondas de calor extremo e secas na Europa e na Amazônia.
Marilin Peña Pérez, educadora popular do Centro Memorial Martin Luther King, destaca que o fato de Cuba ser o país anfitrião desta etapa de formação reafirma “a solidariedade internacional num presente de enormes desafios para o nosso país”. E completa “Cuba continua a ser um farol de inspiração revolucionária e de resistência para todos aqueles que acreditam que é possível construir sociedades baseadas na justiça social.”
Para Érika Mendes, da Justiça Ambiental (JA) de Moçambique, “participar neste espaço intercontinental como o MAR formou-nos muito e também nos fez crescer como movimento”. A ativista destaca que é necessário “continuarmos a mobilizar-nos pela justiça ambiental, social, econômica, climática e pela soberania dos povos. A luta continua!” conclui Mendes.
O desafio assumido por todas as organizações foi de persistir e ampliar a organização das populações atingidas em todos os continentes, para construir um forte movimento internacional.