Movimentos e organizações apresentam medidas emergenciais com relação à seca na Amazônia para o Governo Federal

O documento foi entregue nesta quarta-feira (07) para a Secretaria Geral da Presidência da República, em reunião no Palácio do Planalto

Foto: Graccho / SGPR

Em 2023, a Amazônia sofreu uma das piores secas já registradas, causando uma crise humanitária e ambiental que impactou milhões de habitantes. A seca comprometeu ecossistemas e a subsistência das comunidades locais, especialmente as ribeirinhas. A previsão é de que essas condições se repitam em 2024. Os estados mais afetados até agora foram Amazonas, Acre, Rondônia e Mato Grosso, com a seca impactando severamente no abastecimento de água para mais de 6 milhões de pessoas.

Diante deste cenário, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG) e o Movimento de Pescadores e Pescadoras Artesanais do Brasil (MPP) se uniram e criaram um documento com medidas emergenciais, com relação à seca na Amazônia, e o entregaram, na tarde desta quarta-feira (07), para o ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Márcio Macedo.

“Em 2023 a crise climática atingiu um ponto crucial da história, caracterizado por uma significativa quebra de recordes climáticos em escala global. A seca extrema vivenciada, classificada como uma das piores da história, gerou uma crise hídrica que afetou dinâmicas essenciais à vida, como o acesso de alimentos, água potável e transporte, atingindo diretamente populações indígenas, tradicionais e ribeirinhas”, alerta Toya Manchineri, coordenador da COIAB.

Segundo o documento apresentado ao governo federal, a seca tem gerado uma perda generalizada de culturas e pastagens, escassez de água e um cenário de emergência climática. A dependência de captações de águas superficiais deixou as áreas urbanas mais vulneráveis, com 135 municípios que usam pontos de captação dos rios com abastecimento comprometidos.

Entre as medidas apresentadas estão: a criação de um auxílio emergencial para pessoas atingidas, distribuição de água potável, reforço de profissionais de saúde, distribuição de cestas básicas, isenção de tarifas de energia, entre outras.


“A reunião foi positiva, a secretaria geral vai solicitar cadeira no comitê governamental que trata da seca e articular para garantir participação das organizações e diálogo com os movimentos”, conta Ocelio Muniz, da coordenação nacional do MAB de Rondônia. De acordo com o coordenador, para além da pauta emergencial, a Secretaria se comprometeu em seguir em diálogo mais permanente, tendo em vista a recorrência das secas prolongadas na região. “A secretaria geral vai propor o formato de um grupo de trabalho com nossas organizações, para tratar de forma permanente as nossas demandas, tanto emergencial como a médio e longo prazo” finaliza.

Na visão das organizações que assinam o documento, a resposta à crise exige colaboração entre governos, organizações sociais e comunidades, com foco na sustentabilidade e bem-estar coletivo. “É crucial desenvolver políticas públicas que fortaleçam a resiliência das populações vulneráveis e promovam a recuperação de áreas desmatadas para enfrentar futuras crises climáticas”, como afirma este trecho do documento.

Leia aqui o documento completo.

O Movimento dos Atingidos têm acompanhado e organizado as populações atingidas pela seca na Amazônia, e no dia 05 de setembro, dia da Amazônia fará uma jornada de lutas em todo Brasil para garantir direitos aos atingidos pelos eventos climáticos extremos no país.

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