Os impactos das mudanças climáticas na vida das mulheres atingidas foi tema central das discussões
Publicado 16/04/2024 - Atualizado 16/04/2024
Mulheres do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) de oito regiões da Amazônia Brasileira se reuniram nos dias 09, 10 e 11 para debater sobre emergências climáticas e seus impactos na vida das mulheres. Atingidas das regiões do Tapajós (PA), Marabá (PA), Xingu (PA), Tucuruí (PA), Baixo Tocantins (PA), Belém e região metropolitana (PA), Tocantins (TO) e Amapá (AP) realizaram o II Encontro de Mulheres do MAB na capital paraense. Esse encontro faz parte das ações previstas no projeto “Justiça Climática para o Povo Amazônico” e é subvencionado pela HORIZONT3000, com fundos procedentes de Sei So Frei Salzburg, DKA e BMK (Ministério Austríaco do Clima).
Durante o encontro, houve a construção de uma Arpilleras, uma técnica originária do Chile, na qual se costuram retalhos de tecido sobre juta. A técnica foi utilizada como uma ferramenta para denunciar as atrocidades cometidas pela ditadura de Augusto Pinochet. É com essa mesma proposta que mulheres atingidas por barragens no Brasil resgataram a técnica para denunciar violações ambientais, sociais e culturais relacionadas ao modelo energético atualmente adotado no país. Como resultado dos diálogos realizados durante o II Encontro de Mulheres, as tingidas também criaram peças bordadas com denúncias sobre justiça climática.
“Na perspectiva do MAB, as mulheres são as mais atingidas por grandes projetos. E na Amazônia isso fica mais latente, devido à presença de uma série de atividades e grandes projetos, como as hidrelétricas, as hidrovias, a mineração, o garimpo e a grilagem de terra, por exemplo. Com as mudanças climáticas, a situação das mulheres atingidas ficou mais agravada”, explica Elisa Stroline, integrante da coordenação nacional do MAB.
Durante a programação debateu-se como as catástrofes climáticas afetam especialmente a vida das mulheres, tendo em vista a mudança de rotina por conta da alteração no clima, do regime de chuvas, das queimadas, das secas e da cheia dos rios. Nas falas, as atingidas destacaram o impacto que essas mudanças têm na pesca, na produção, na lavoura e na segurança alimentar.
“Todos esses temas agora passam a ser discutidos pelas mulheres do MAB e estão sendo retratados nas Arpilleras, num processo que é de preparação também para COP 30, que vai acontecer aqui em Belém. O MAB está se preparando para participar de maneira ativa para levar a proposta dos atingidos. As mulheres vão ter protagonismo muito grande nesse processo e as Arpilleras são uma ferramenta também desse protagonismo, desse diálogo com a sociedade a nível internacional”, explicou Elisa.
A ideia é que as Arpilleras bordadas pelas mulheres amazônicas sejam expostas durante a COP 30, em Belém, período o qual também será realizado o Encontro Internacional dos Atingidos.