Justiça suspende processo de privatização do saneamento em Altamira (PA)

A empresa Aegea Saneamento e Participações S/A apontou seis supostas irregularidades, levando à intervenção da Justiça.

Decisão aconteceu na sexta-feira (16) na 3ª Vara Cível e Empresarial de Altamira (PA). Foto: Aline Vitoriano / MAB

O juiz José Leornardo Pessoa Valença, da 3ª Vara Cível e Empresarial, emitiu uma decisão na sexta-feira (16), ordenando a suspensão da licitação do sistema de saneamento básico de Altamira (PA). O pedido judicial foi feito pela Aegea Saneamento e Participações S/A, com sede em São Paulo, e teve como alvos o prefeito Claudomiro Gomes, o secretário municipal de Administração e Finanças Justino Bequiman, o secretário municipal de Obras, Viação e Infraestrutura Izan Passos, além da própria Prefeitura Municipal de Altamira. O valor é de mais de 2 bilhões de reais. 

A decisão judicial também determinou o cancelamento da sessão pública prevista para o dia 19, na qual as empresas interessadas participaram do certame.

“Exigimos um processo transparente e participativo que leve em consideração o interesse da população local”, afirma  Dionatan Souza, da coordenação do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) em Altamira.

No dia 13 de dezembro, a prefeitura de Altamira apresentou a proposta de privatização desse serviço em uma audiência pública, desencadeando preocupações e protestos por parte do MAB. O sistema de saneamento, uma condicionante do empreendimento de Belo Monte, foi construído pela Norte Energia ao custo de R$ 400 milhões e entregue à prefeitura municipal. No entanto, para o MAB, o saneamento é um direito fundamental e a prefeitura tem capacidade para operar o serviço com tarifas mais acessíveis e em benefício do interesse público.

Durante a audiência, foram revelados detalhes sobre a metodologia de cobrança tarifária proposta. Com base em um consumo médio mensal de 22 m³ por família (com quatro pessoas), as tarifas residenciais comuns seriam de R$ 180, enquanto a tarifa social para baixa renda seria de R$ 92. O MAB denunciou esses valores como exorbitantes e exigiu um verdadeiro processo de consulta pública com os habitantes de Altamira.

Conteúdo relacionado
| Publicado 14/12/2023 por Roberta Brandão

Presidente da Assembleia Legislativa do Pará adia votação da privatização da COSANPA para próxima semana

Governo quer aprovação da privatização às pressas, sem consulta pública, na última sessão do ano da Casa Legislativa

| Publicado 19/02/2024 por Coletivo Nacional de Comunicação do MAB

São Sebastião: há um ano atingidos enfrentam negligência, desinformação e violação de direitos

Centenas de atingidos que sobreviveram a um dos maiores desastres climáticos do país seguem vivendo em construções precárias oferecidas como uma solução temporária há quase um ano, sem informações sobre indenização ou novas moradias

| Publicado 21/02/2024 por Redação RBA

Brasil ergue a voz e denuncia Israel em Haia por ‘anexação ilegal’ de territórios palestinos

Delegação do Itamaraty afirmou na Corte Internacional de Justiça que as ocupações e violações por parte de Israel “não podem ser aceitas ou normalizadas”