O objetivo é compreender o que está em jogo nas disputas pela Amazônia e compartilhar experiências de luta nos diversos territórios.
Publicado 17/05/2021
Movimentos populares e organizações sociais do Pará e Amapá participam nesta sexta-feira (14) do seminário “A disputa imperialista pela Amazônia e os desafios das forças populares”. A atividade acontece virtualmente e reúne 51 participantes. O objetivo é compreender o que está em jogo nas disputas pela Amazônia em plena crise do capitalismo mundial e compartilhar experiências de luta nos diversos territórios.
Pedro Martins, da Terra de Direitos, abriu o seminário trazendo um panorama sobre o surgimento do discurso das mudanças climáticas mundialmente. Segundo ele, é preciso estar atento para não cair nas armadilhas do capitalismo verde que, em nome da defesa da floresta, quer mercantilizar a Amazônia. “O clima acabou sendo uma oportunidade de criar novas mercadorias. Esse debate tem que ser entendido dentro da reorganização do capital financeiro”, afirmou.
Andréia Silvério, da Comissão Pastoral da Terra (CPT) falou sobre os desafios para os defensores de direitos humanos, em um contexto de acirramento de conflitos e criminalização. Dos conflitos no campo no Brasil, 63% estão na Amazônia Legal. “Estamos vivendo um momento crítico, de mercantilização da terra e ao mesmo tempo o aumento da violência contra defensores promovido pelo Estado.”
Benedito Alcântara, da Rede Eclesial Pan Amazônica, destacou que há pelo menos três maneiras de ver a Amazônia: a da terra arrasada, da destruição pelo capitalismo, a do imperialismo que quer manter a floresta em pé para mercantilizá-la, e a visão do bem viver, experiência histórica construída na relação dos povos indígenas com a floresta. Nesse contexto, a Igreja se coloca num lugar de escuta com a experiência do Sínodo da Amazônia.”O nosso caminho é do bem-viver, da abundância, da tradição e do conhecimento milenar”, afirma.
Iury Paulino, da coordenação do MAB, afirmou que o Movimento compartilha das análises que foram feitas pelos participantes do seminário e reafirmou o compromisso com a luta em defesa da Amazônia como uma prioridade. “Para nós, não é suficiente dizer que é preciso manter a floresta em pé. Nós precisamos construir um projeto popular para a Amazônia”, disse.
A atividade também contou com relatos de experiências de Manoel Edivaldo, do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santarém, Kátia Silene, cacica do povo Akrãtikatejê e Eldenilson Moreira, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).