8M: atingidas em defesa da vida pelo Brasil
O recado está dado: as mulheres não vão tirar o pé da luta. É por isso que hoje, 8 de março, as ruas do Brasil foram o palco do grito […]
Publicado 09/03/2020
O recado está dado: as mulheres não vão tirar o pé da luta. É por isso que hoje, 8 de março, as ruas do Brasil foram o palco do grito das mulheres em defesa da vida.
Mulheres atingidas em luta em Curitiba, Paraná. Foto: Comunicação MAB.
As atingidas por barragens construíram e se somaram em diversas cidades de todo o Brasil, e se colocaram firmes contra a violência de gênero e na defesa da democracia, dos direitos e da soberania popular.
Em Belo Horizonte-MG, a construção já vinha desde o Ele não. As mulheres da Frente Brasil Popular construíram o ato 8M Popular sob o mote “Só da luta brota a liberdade”, que contou com o apoio de mais 30 blocos de carnaval. O ato teve a presença de várias categorias, entre elas as professoras em greve, as petroleiras, as trabalhadoras dos correios, e as atingidas das regiões de Brumadinho, Juatuba, Betim e São Joaquim de Bicas.
Mulherada em defesa da democracia e da soberania nacional em Belo Horizonte, Minas Gerais. Foto: Comunicação MAB.
Sonia Mara Maranho, da Coordenação Nacional do MAB, participou do ato e afirmou que frente à ofensiva contra a democracia do Governo Federal, nós mulheres estamos ainda mais firmes para lutar em defesa da igualdade e contra a violência. Quando a conjuntura piora no país, as primeiras a serem atacadas são as mulheres, então precisamos nos organizar, mobilizar, fazer a luta e mostrar resistência, denunciando tudo aquilo que vem nos oprimindo.
Ato em Belém do Pará. Foto: Comunicação MAB.
No Pará, as atingidas organizadas no MAB se somaram ao ato em Belém, organizado pela Frente Feminista do Pará. As mulheres se concentraram na Praça Waldermar Henrique e marcharam até a Praça da República. No sábado, o MAB também esteve presente em Altamira, com uma marcha pelas ruas da cidade, e em Itaituba, onde as atingidas participavam do Seminário Mulheres na luta por territórios livres e corpos vivos na Amazônia.
Segundo Cleidiane Vieira, da Coordenação Nacional do MAB no Pará, as mulheres da Amazônia mais uma vez foram as ruas contra a violência, contra essa política de desenvolvimento excludente e violador de direitos humanos, em defesa da democracia e contra todos os retrocessos cometidos pelo desgoverno Bolsonaro. Para ela, “as mulheres mais uma vez exercitam a unidade na luta em defesa da democracia e na construção da soberania.
Atingidas em luta em Fortaleza, no Ceará. Foto: Comunicação MAB.
Em Fortaleza-CE, a marcha que tinha como lema “Pela Vida das Mulheres contra o Fascismo, Machismo, Racismo e LGBTfobia reuniu mais de 10 mil pessoas. As atingidas também marcharam em São Paulo, Chapecó-SC, Curitiba-PR e Francisco Beltrão-PR, e também em Brasília, junto as mulheres que estão participando do 1º Encontro Nacional de Mulheres do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
No Amapá, município de Porto Grande, o MAB organizou uma roda de conversa, que ressaltou a necessidade da unidade das mulheres na luta, e finalizou com a projeção do documentário No Devagar Depressa dos Tempos, de Eliza Capai.
Roda de conversa no Amapá. Foto: Comunicação MAB.
Neste 8M, as mulheres do MAB denunciaram que o atual modelo energético está a serviço do capital, e privilegia o lucro em detrimento do desenvolvimento humano. A impunidade dos crimes da Vale, Samarco e BHP Billiton em Mariana e Brumadinho permite a continuidade de violações de direitos humanos, sobretudo com a negligência na segurança de barragens e na segurança dos atingidos e atingidas.
Também gritaram contra as inúmeras ameaças às lideranças de movimentos sociais, a perseguição política e os assassinatos das defensoras dos direitos humanos: Dilma Ferreira em 22 de março de 2019; Marielle Franco em 14 de março de 2018; Nicinha em 7 de janeiro de 2016; e Berta Cáceres em 3 de março de 2016. Para as atingidas, a ofensiva contra os direitos e a vida das mulheres se materializa em inúmeras iniciativas do Estado e também está relacionada com o avanço das privatizações de setores estratégicos para a soberania popular como o petróleo, energia, florestas, água, saúde e educação.
Mais uma vez, as atingidas por barragens estiveram nas ruas e em luta. Mulheres, água e energia não são mercadorias.