Petroleiros: cresce adesão à greve, enquanto empresa permanece sem diálogo

Foto: Coletivo de Comunicação do MAB Nesta quinta-feira (13), a paralisação dos petroleiros pelo cumprimento do Acordo Coletivo e não fechamento da Fábrica de Fertilizantes (Fafen) no Paraná completa o […]

Foto: Coletivo de Comunicação do MAB

Nesta quinta-feira (13), a paralisação dos petroleiros pelo cumprimento do Acordo Coletivo e não fechamento da Fábrica de Fertilizantes (Fafen) no Paraná completa o 14º dia. Em crescente adesão, agora, são 113 unidades na greve, em 13 estados do país, com mais de 20 mil petroleiros mobilizados. São 53 plataformas, 23 terminais, 11 refinarias e outras 23 outras unidades operacionais e três bases administrativas na greve, em todo o Sistema Petrobras.

Mesmo com a forte participação dos trabalhadores e campanhas de conscientização da população, a direção da empresa continua sem sinalização positiva sobre sentar para conversar com a Comissão Permanente de Negociação da FUP, que ocupa há 14 dias uma sala no escritório do Edise, no Rio de Janeiro. 

Em nota divulgada nesta quinta-feira, a Federação Única dos Petroleiros afirma: “A Petrobrás não aceita negociar com os sindicatos e tenta criminalizar a greve dos petroleiros, mentindo para o judiciário. Buscamos cumprir as condições determinadas pela justiça, mas a atual gestão não quer permitir que assumamos os efetivos das unidades para aumentar a produção e reduzir os preços dos derivados de petróleo. O objetivo do presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, é colocar a população contra nós, trabalhadores, culpando os grevistas por um possível desabastecimento que venha a ocorrer. Se isso acontece, a culpa é da intransigência dos gestores”. 

Segundo os petroleiros em greve, as últimas movimentações da empresa em direção à privatização, desde 2016, colocam a categoria em defesa permanente do Sistema Petrobras de caráter público. Representando mais de 100 mil funcionários, a FUP alerta que “defender a Petrobras é defender o Brasil”. Como forma de dialogar diretamente com a sociedade sobre a problemática de atrelar os preços à flutuação do mercado internacional, os grevistas realizaram ações por todo o país distribuindo à população gás de cozinha com um preço que poderia ser praticado pela empresa no caso de subsídio.

Rio de Janeiro

Em frente ao Edise, sede administrativa da Petrobras na capital fluminense, está organizada a Vigília da Resistência Petroleira, onde os manifestantes da categoria junto aos representantes dos movimentos populares realizam diversas atividades, como aulas públicas, intervenções artísticas e etc. Nesta quinta-feira (13), foi organizada uma passeata pelas ruas do centro da cidade, com destino à Igreja da Candelária. 

Na quarta-feira (12), os petroleiros participaram de um ato em frente ao Palácio da Guanabara com o objetivo de denunciar a situação precária do abastecimento de água no estado, organizado pelos trabalhadores do saneamento em defesa da Cedae. 
Paulo Neves, diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP), disse durante o ato:  “Precisamos lutar pela soberania deste país, e quando falamos de soberania estamos falando de petróleo, de alimento na mesa do trabalhador, mas também a gente está falando de água, porque sem água não há vida. Por isso essa é uma luta unitária, é uma luta de todos nós”.


Foto: Coletivo de Comunicação do MAB

Leonardo Maggi, da Coordenação Nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), afirmou:  “Estamos bebendo o resultado da precarização, do sucateamento, o resultado da irresponsabilidade desses governos que querem destruir o patrimônio público. Governos e gestões irresponsáveis estão sabotando essa empresa com o claro intuito de privatizá-la. E depois quem paga a conta, e quem bebe a água de péssima qualidade é o povo, que além disso paga uma das contas de água mais caras do Brasil. Isso é uma vergonha”.

Também na manhã de quarta-feira, os petroleiros da Refinaria Duque de Caxias (Reduc) promoveram um ato silencioso na sede da Rede Globo, no bairro do Jardim Botânico, na zona sul, com o objetivo de denunciar a falta de cobertura da emissora sobre a luta dos trabalhadores.    

Minas Gerais

De acordo com o Sindipetro mineiro, a adesão da greve no estado chegou a 80% da categoria nesta semana. Em ato realizado em frente à Refinaria Gabriel Passos (Regap), na região metropolitana de Belo Horizonte, Cristiano Almeida, técnico em química de laboratório na Petrobras há 15 anos, afirma que a mobilização “é essencial, não só pela manutenção dos nossos empregos, mas também pela manutenção da nossa empresa estatal. Estamos olhando para população quando defendemos o combustível e o gás de cozinha com preços justos e acessíveis”, reivindica Almeida.


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Felipe Pinheiro, diretor do Sindipetro-MG, explica que a greve existe para “denunciar as consequências da privatização na vida dos brasileiros”, porque o processo “além de desempregar, aumenta o valor dos produtos”, pontua. O preço do gás de cozinha e do combustível, nos últimos anos, cresceu exponencialmente. Desde 2016, o valor do gás de cozinha subiu de R$53 para R$75 reais, chegando a quase R$100 reais em alguns lugares do país. O petroleiro Felipe Pinheiro explica que o aumento se deve ao “preço que a Petrobras está vendendo o nosso produto, que é baseado no valor estrangeiro. Ela está atrelando os preços ao mercado internacional, ou seja, ela está cobrando em dólar o que a gente produz aqui no Brasil e isso ocorre justamente para tornar mais atrativa a empresa para poder ser vendida nos próximos meses” afirma.

Nesta quarta-feira (12), a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) foi palco de um ato unificado de categorias em greves, organizado pela CUT; a atividade reuniu petroleiros, funcionários dos correios e profissionais da educação e da saúde do estado. Frente ao déficit do governo com os salários e com a precarização do trabalho, as categorias pontuaram que as paralisações segue por tempo indeterminado.

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| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

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