Na Itália, MAB conhece iniciativas de defesa da soberania energética

Como última parte da viagem internacional do MAB, a direção do movimento teve contato com experiências de resistência e luta em seis cidades da Itália.

Na semana passada, em conjunto com Fórum da Água de Abruzzo, No Hab de Gás e Kabawil-el Otro Soy Yo, o Movimento dos Atingidos por Barragens, representado pelos militantes Letícia Oliveira e Moisés Borges, conheceram iniciativas italianas em defesa da soberania energética.

Na luta pela descontaminação dos rios Sacco e Liri, comunidades de Balsorano resistem à construção de uma hidrelétrica e lutam pela descontaminação dos rios, contaminados com agrotóxicos.

Em Pescara, os militantes conheceram a resistência contra a privatização da água que, via Fórum Italiano dos Movimentos pela Água, realizou em 2011 um referendo que impediu que a água fosse transformada em mercadoria no país. O resultado das urnas do plebiscito nacionalmente foi bastante relevante: 97% da população disse “sim” para que a água continuasse um bem social.

“A Itália, assim como o Brasil, é um país de muito interesse energético das transnacionais. Querem transformar o país em uma grande rede de distribuição de energia elétrica e gás para a ganância dos bancos e indústria da Europa”, contextualiza Borges.

Nesse processo, “o preço da luz vai continuar alto, as diferenças sociais vão se aprofundar e a contaminação ambiental será inevitável. Compartilhar experiências de lutas favorece a unidade internacional contra o imperialismo” pondera, o coordenador do movimento.

Nos municípios de Jesi e Padova, estiveram nos Centros Sociais Ocupados. Em meados dos anos 80, houve ocupações de prédios que não cumpriam função social e, assim, foram formados os centros de referência autogestionados, que promovem ações sociais nos bairros, cursos profissionalizantes e lutas em defesa da democracia e contra o fascismo.

Em Guglionesi, as experiências de luta foram compartilhadas com o movimento I Discoli del Sinarca, que é contra a instalação do gasoduto que sairá do Azerbaijão até a Alemanha para garantir energia às grandes indústrias, deixando a população com os danos sociais e ambientais.

Organizado como resposta social e política aos terremotos ocorridos desde 2009, o Festival Terre Alt(r) ocorre na cidade de Fabriano. O MAB participou do evento que serve de alerta para a situação das várias famílias e municípios que seguem sem reparação justa. O festival aponta para uma nova perspectiva econômica e social que esteja integrada, de forma sustentável, ao território da região dos Apeninos Central.

“Organizamos a comitiva do MAB para que os movimentos populares dos territórios italianos possam saber da devastação e luta que também existe no Brasil. Podemos construir uma rede de solidariedade e luta entre Brasil e Itália, muitos já se colocaram à disposição para seguir com o intercâmbio e de participar da caravana ao Brasil em solidariedade as vítimas de Brumadinho no próximo ano” afirma Renato Di Nicola, membro do Fórum Italiano dos Movimentos pela Água.