Caso Berta: Justiça incompleta

A Justiça hondurenha condenou nesta quinta-feira (29), sete das oito pessoas indiciadas no assassinato de Berta Cáceres, assassinada por lutar contra a hidroeléctrica Agua Zarca e em defesa dos direitos […]

A Justiça hondurenha condenou nesta quinta-feira (29), sete das oito pessoas indiciadas no assassinato de Berta Cáceres, assassinada por lutar contra a hidroeléctrica Agua Zarca e em defesa dos direitos do povo Lenca em Honduras. Para a família e as organizações populares o julgamento “não satisfaz as exigências de justiça ”.


 Foto: Martín Cálix

 

Após quase três anos do brutal assassinato da nossa companheira Berta Cáceres, a Justiça de Honduras emitiu uma sentença no caso. Dentre os condenados estão os pistoleiros que dispararam contra ela no dia 2 de março de 2016, dois ex militares e dois funcionários da empresa DESA, concessionária do projeto hidroelétrico Agua Zarca, no rio Gualquarque.

Numa nota divulgada ontem (29), o Conselho Cívico de Organizações Populares e Indígenas de Honduras (COPINH), denuncia: “Desde o início deste processo, há quase três anos tem ficado claro que o assassinato de Berta Cáceres foi planejado pela diretoria da empresa DESA, para ser executado por assassinos contratados vinculados às Forças Armadas de Honduras”. Porém, o Estado hondurenho constantemente tem colocado obstáculos para a revelação da verdade e a condenação dos mandantes do crime, e tem impedido inclusive a participação das vítimas e seus defensores legais no processo.

 

 Foto: Martín Cálix

 

O Copinh denuncia que a família Atala Zablah (accionistas donos da empresa DESA) “está por trás de tudo o entramado de perseguição, assédio, ataques e ameaças que levaram ao assassinato de Berta”. Os autores intelectuais do crime não foram julgados: “a impunidade que até hoje desfrutam os autores intelectuais do crime faz parte do esquema de corrupção e violência que sustenta o modelo extractivista e saqueia nossos povos”.

Mas nossas companheiras e companheiros afirmam: “Com o capítulo que se encerra hoje (29) -a condenação do escalão mais baixo da estrutura criminal com que o Estado de Honduras pretende silenciar a demanda por Justiça- não termina a luta por justiça para Berta Cáceres e o povo Lenca. Ao contrário: se aprofundarão nossos esforços”.

 

O MAB presta total solidariedade ao COPINH, aliado na luta e membro do Movimiento de Afectados por Represas en América Latina (MAR), e a todo o povo Lenca. Continuaremos juntos na luta por justiça, e pelo esclarecimento da verdade no caso.

 

Justiça para Berta é justiça para o mundo!

Águas para vida, não para morte!

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| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

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