Fundação Renova tenta apagar o Crime da Samarco
A última casa que ainda denunciava que a cidade de Barra Longa foi atingida pelo crime da Samarco foi destruída Apagar a memória do crime da Samarco, Vale e BHP […]
Publicado 25/07/2018
A última casa que ainda denunciava que a cidade de Barra Longa foi atingida pelo crime da Samarco foi destruída
Apagar a memória do crime da Samarco, Vale e BHP Billiton. Essa é a prática da Fundação Renova nos últimos meses no trajeto dos 60 milhões de m³ de rejeitos de minério de ferro despejados sobre comunidades, cidades e a bacia do rio Doce.
No distrito de Bento Rodrigues, local que ficou totalmente encoberto pela lama, a mineradora logo conseguiu o decreto de requisição administrativa de terrenos para a construção do dique S4, que alagou parte da comunidade, inclusive locais com bens de patrimônio histórico da região, destruindo uma parte da cena do crime e tentando apagar a memória do maior crime sócio ambiental do Brasil.
No percurso da lama, não é diferente. A empresa plantou leguminosas em toda a margem do rio Gualaxo do Norte, onde os rejeitos ficaram estacionados, a fim de evitar a erosão e dificultar a descida do rejeito para o rio, minimizando a turbidez da água. Segundo o site da Fundação Renova, as leguminosas têm uma função paisagística e estrutural que também contribui para o retorno da biodiversidade.
De acordo com o Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa, as leguminosas se adaptam as mais variadas condições de solo e clima, por proporcionar produções satisfatórias de forragem em solos com baixa e média fertilidade. No caso dos rejeitos, que tem a alta concentração de metais pesados, as leguminosas foram ideais para cumprir a função paisagística de que as margens do rio estão sendo recuperadas.
Na zona rural de Mariana, as famílias que optaram pela construção da nova moradia no mesmo terreno atingido pela lama são orientadas pela Fundação Renova que é necessária a demolição da casa atingida.
Na cidade de Barra Longa (MG), que fica há 70 km de Mariana, várias casas as margens do rio do Carmo foram inundadas pela enxurrada de lama, assim como a pracinha – local central da cidade para lazer e encontro da comunidade. Os locais que ainda possuem lama em Barra Longa são fechados com tapumes pela Renova de forma que os visitantes não veem mais lama espalhada pela cidade.
A última casa que ainda denunciava que a cidade foi atingida pelo crime da Samarco, foi destruída na manhã desta quarta-feira (25). A casa funcionava como restaurante e moradia de um comerciante da cidade. Em novembro de 2017, a Fundação Renova comprou o imóvel.
Podemos perceber que ao longo do tempo a Samarco, Vale e BHP, por meio da Fundação Renova, vem aos poucos destruindo a memória do crime, pois assim se eximem da culpa do maior crime socioambiental do País. Mas a sociedade precisa saber qual o modelo de mineração temos no Brasil, que destrói casas, sonhos e o meio ambiente, comenta Thiago Alves, militante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).
*Fotos: MAB/MG