Ribeirinhos do Tapajós criam protocolo de consulta contra obras que afetam comunidades

Comunidades são ameaçadas pelos projetos hidrelétricos previstos para o Tapajós e pelo corredor de escoamento da soja do Mato Grosso Por Lilian Campelo, do Brasil de Fato As comunidades ribeirinhas […]

Comunidades são ameaçadas pelos projetos hidrelétricos previstos para o Tapajós e pelo corredor de escoamento da soja do Mato Grosso

Por Lilian Campelo, do Brasil de Fato

As comunidades ribeirinhas de Pimental e São Francisco tem a margem do rio Tapajós como parte do seu endereço. Neste sábado, dia 13, eles lançaram um protocolo de consulta para se manifestarem sobre as construções e empreendimentos previstos na região que atingem o território deles. 

Cerimônia de lançamento do protocolo na comunidade de Pimental, com presença do MAB, Terra de Direitos e Comissão Pastoral da Terra

O documento se baseia na convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que lhes garante o direito à consulta prévia, livre e informada.

De acordo com informações do site da Organização Terra de Direito, ambas as comunidades estão ameaçadas pelas construções de portos em Miritituba, distrito localizado em Itaituba, no Pará. Pimental está distante a 60 km do distrito. Antes dos portos, a preocupação era com a usina hidrelétrica de São Luiz do Tapajós, o projeto foi arquivado em 2016 por decisão do Ibama.

Comunidade participa da cerimônia de lançamento do protocolo

Joilma Damasceno, presidenta da Associação Comunitária dos Pescadores e Moradores de Pimental, conta que as empresas chegaram na comunidade sem autorização, tiraram a tranquilidade e interferiram nas relações de solidariedade entre os moradores, fazendo com que a Pimental se dividisse. Para ela, o protocolo de consulta será um instrumento de luta e de fortalecimento, para que as famílias possam ser ouvidas e respeitadas em seus direitos.

“Nossa comunidade existe há mais de 100 anos, precisa ser ouvida, qualquer empreendimento que quiser vir para a nossa comunidade precisa nos consultar antes. A gente está aqui. O modo como a gente vive deve ser respeitado”, afirma.

Por meio do protocolo de consulta prévia, livre e informada, as famílias das duas comunidades declaram quem e como desejam ser consultadas antes de serem tomadas decisões que possam afetar seus bens ou direitos, como explica Pedro Martins, advogado na Ong Terra de Direitos.

“Esse protocolo de Pimental e São Francisco é uma expressão das comunidades ribeirinhas no médio Tapajós frente aos grandes projetos planejados para aquela região, reivindicando o direito de serem ouvidos, de discutirem e também determinarem, com o poder de veto, o que pode ser feito na região que impacte, direta ou indiretamente, a vida e o modo de viver dessas comunidades”, esclarece.

Vivem em Pimental cerca de 150 famílias e, segundo o site da Ong, a comunidade pode ser afetada pelo porto da Rio Tapajós Logística, previsto para ser construído ao lado da aldeia Sawre Juybu, do povo Munduruku, e da comunidade ribeirinha São Luiz do Tapajós.

O Protocolo foi elaborado pelos próprios moradores em parceria com o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Terra de Direitos e a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e será lançando no sábado (13), quando tem início a festividade São Sebastião, padroeiro da comunidade de Pimental.

Conteúdos relacionados
| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

Desenvolvimento para quem? Piauí, um território atingido pela ganância do capital

Coletivo de comunicação Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) no Piauí, assina artigo sobre a implementação de grandes empreendimentos que visam somente o lucro no território nordestino brasileiro