Missa celebra a memória dos mortos pelo rompimento da barragem em Mariana
Com a presença de aproximadamente 800 integrantes do MAB, cerimônia recordou os dois anos da morte de 19 vítimas em decorrência do crime da Samarco A missa das 12 horas […]
Publicado 01/10/2017
Com a presença de aproximadamente 800 integrantes do MAB, cerimônia recordou os dois anos da morte de 19 vítimas em decorrência do crime da Samarco
A missa das 12 horas deste domingo (1) teve um caráter especial no Santuário Nacional de Aparecida, no município de Aparecida (SP). Além de ser o primeiro dia da Festa e Novena do tricentenário de Nossa Senhora Aparecida, que se estenderá por 12 dias ininterruptos, a missa celebrou a memória das 19 pessoas que morreram em decorrência do rompimento da barragem de rejeitos da Samarco, ocorrido em Mariana (MG) no dia 5 de novembro de 2015.
Aproximadamente 800 pessoas vindas dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Minas Gerais se somaram neste ato político-religioso, que também representou o início do 8º Encontro Nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). Após a cerimônia, as caravanas seguiram em direção ao Rio de Janeiro, onde estarão reunidos cerca de 3.500 atingidos até quinta-feira (5).
Durante a homilia, que é um momento de reflexão do sacerdote durante a missa, o bispo de Lorena (SP), Dom João Inácio Muller, fez referência às 19 cruzes enlameadas que foram carregadas por militantes do MAB. Essas cruzes fazem memória das 19 pessoas, nossos irmãos e nossas irmãs, mortos na tragédia em Mariana, no crime da mineradora Samarco ocorrido há dois anos.
O bispo também fez um paralelo entre a história de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, e o rompimento da barragem em Mariana. Há trezentos anos, no ano de 1717, três pescadores jogaram suas redes nas águas enlameadas do Rio Paraíba do Sul e capturaram o corpo da estátua da santa. Ao jogarem novamente, resgataram a cabeça. Nós agradecemos a presença e a luta de vocês. Que o grito por justiça chegue aos céus e que seja ouvido na terra, em nosso Brasil. Que a nossa Senhora Aparecida, tirada da lama do Rio Paraíba do Sul, interceda por vocês e por todos nós junto ao seu filho, nosso Senhor, celebrou Dom João Inácio.
Presente na cerimônia, Maria do Carmo, natural de Paracatu de Baixo, distrito de Mariana destruído pelos rejeitos da Samarco, exaltou a importância de eventos que impedem o esquecimento das populações afetadas por esse crime. É muito importante [relembras as vítimas] porque a empresa já esqueceu. Cada vez que a gente encontra uma oportunidade de estar falando sobre isso para nós é um conforto. Uma certa esperança que brota de conseguir alcançar os direitos dos atingidos.
Já a integrante da coordenação nacional do MAB, Liciane Andrioli, ressaltou a importância da igreja na reconstrução das comunidades afetadas ao longo da Bacia do Rio Doce. Desde a Diocese de Mariana, estamos há quase dois anos trabalhando lado a lado no fortalecimento e organização dos atingidos. O espírito de comunhão e solidariedade são comuns aos militantes sociais e à igreja.