Laudo do MP comprova que mesmo tratada, água do Rio Doce permanece contaminada em Governador Valadares

Samarco ignora a pauta sobre água durante as reuniões com as comunidades e moradores pedem laudo do Ministério Público no Vale do Aço. O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) […]

Samarco ignora a pauta sobre água durante as reuniões com as comunidades e moradores pedem laudo do Ministério Público no Vale do Aço.

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) apresentou na semana passada um laudo que aponta a alta presença de alumínio na água que abastece Governador Valadares (MG). Moradores de Cachoeira Escura, distrito de Belo Oriente (MG), temem por ingerirem a água do Rio Doce, uma vez que o tratamento no local é precário segundo moradores.

“Se em Governador Valadares a água está contaminada imagina aqui em Cachoeira Escura, onde o tratamento é bem mais precário?”, questiona dona Maria Silva, moradora da rua Astrogildo Pereira. Esta foi a principal indagação dos moradores nas reuniões realizadas pela Samarco na comunidade.

“Pedimos ao Ministério Público que faça uma análise aqui também. Pois a mesma água que corre lá, passa aqui também. Nós não confiamos nas análises da Samarco”, afirma o pescador Cláudio Santos.

A resposta aos questionamentos não vem. A postura dos representantes da empresa tem sido cessar o assunto, alegando que a pauta da reunião não é a água, mas sim as indenizações, que estão previstas para conclusão até março de 2017.

O descaso com os atingidos é tanto que os cadastros para receber indenização serão realizados exclusivamente por telefone, pelo 0800 da empresa. “Os cadastros presenciais já foram uma bagunça. Muita gente que nunca pescou ou dependeu do rio para sustento recebeu o cartão, enquanto muitos pescadores ficaram sem receber. Agora, por telefone vai ser pior ainda. Como vão saber quem tem ou não direito de receber?”, declara João Filipe.

Como se não bastasse, o problema para quem mora em bairros na parte alta da cidade é maior. A água para as regiões é bombeada uma vez por semana e ainda não enche a caixa d’água totalmente. “Aqui no morro está faltando água até para beber. Algumas pessoas vão lá em baixo buscar em bicas. Como eu não tenho carro e nem dinheiro para pagar, conto com a solidariedade dos meus filhos e vizinhos” conta Irany Salviana, moradora.

Na Baixada do Coronel Roberto, zona rural da cidade de Ipaba (MG), a comunidade está sendo abastecida por caminhões pipas disponibilizados pela Samarco. No entanto, os caminhões são providos pela mesma água, de qualidade duvidosa, dragada em Cachoeira Escura. Os problemas com a saúde da população aparecem por meio de manchas na pele, alergias, feridas pelo corpo e dores estomacais.

As pautas da região ainda não foram atendidas pela Samarco. A empresa se recusa a fazer a análise dos poços de água e a fornecer ração para os animais. Antes do crime as criações se alimentavam com o resto da produção de hortaliças que hoje é quase impossível produzir, já que não dá para irrigar com a água do rio. 

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| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

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