Movimento Unificado denuncia desmonte do núcleo que defendia vítimas da Braskem
MUVB afirma que exoneração do Dr. Ricardo Melro enfraquece a luta por justiça em Maceió e denuncia suposta interferência em favor da Braskem
Publicado 14/08/2025 - Actualizado 14/08/2025

A exoneração do defensor público Ricardo Antunes Melro, da Coordenação Geral do Núcleo de Proteção Coletiva da Defensoria Pública do Estado de Alagoas (DPE/AL), provocou uma forte reação da sociedade civil e das vítimas do crime provocado pela Braskem em Maceió. Em nota, o Movimento Unificado das Vítimas da Braskem (MUVB) denunciou o que considera uma tentativa de silenciar a atuação mais combativa e técnica na defesa dos direitos dos atingidos.
A decisão da DPE/AL, anunciada no último dia 5 de agosto, foi justificada como parte de uma reformulação administrativa. No entanto, para o MUVB, a medida tem implicações muito mais profundas e graves. Segundo o movimento, a exoneração ocorre justamente no momento em que Melro e sua equipe preparavam a divulgação de estudos técnicos de impacto internacional sobre a subsidência em Maceió — consequência direta da exploração de sal-gema pela mineradora.
Um dos maiores desastres urbanos do país
Desde 2018, Maceió convive com as consequências do afundamento do solo provocado pela extração de sal-gema pela Braskem. Cinco bairros foram totalmente evacuados, milhares de famílias perderam suas casas, memórias e raízes. Apesar de acordos bilionários de indenização, as críticas sobre falta de transparência, subavaliação dos danos e concentração de poder de decisão nas mãos da própria empresa seguem crescentes.
A exoneração de um dos principais nomes na defesa coletiva das vítimas, reacende o debate sobre a independência das instituições e o papel do Estado na garantia de justiça social diante de desastres provocados por grandes corporações.


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Na nota pública, o MUVB afirma que a justificativa apresentada pela Defensoria Pública é “meramente formal” e que, na essência, o afastamento de Melro “só beneficia quem causou o desastre criminoso em Maceió”.
O texto denuncia que, sob a liderança de Ricardo Melro, o Núcleo de Proteção Coletiva era uma das poucas instâncias que atuava de forma firme, técnica e transparente na defesa das vítimas, ao contrário de outras instituições que estariam “fazendo o que a Braskem quer e do modo que a Braskem deseja”.
Confira aqui a Nota Pública na íntegra.
