No Dia da Amazônia, MAB promoveu jornada de lutas em defesa de populações atingidas pela crise climática

Movimento também lançou um manifesto em Defesa da Amazônia e uma campanha emergencial para apoiar a distribuição de água potável para as populações afetadas pela seca na região

Marcha em Belo Horizonte reuniu atingidos de toda a Bacia do Rio Doce e litoral Capixaba por participação na Repactuação e em defesa da Amazônia. Foto: Patrícia Sousa

Ao longo do dia 05 de setembro, Dia da Amazônia, populações atingidas saíram às ruas em 18 estados do país, para denunciar as consequências da crise climática, que provoca enchentes devastadoras, como no caso do Rio Grande do Sul, secas severas na Amazônia, queimadas sem precedentes no Pantanal e deterioração qualidade do ar em todas as regiões. Nos atos, os participantes reivindicaram a punição de grandes empresas do agronegócio, da mineração e do setor de energia que têm promovido impunemente a destruição da biodiversidade brasileira, contribuindo para a desregulação do clima e os desastres naturais que se intensificam a cada ano.  

O Rio Grande do Sul, por três anos consecutivos, foi marcado por seca e, nos últimos meses, por enchentes, cheias e ciclones extratropicais, o que coloca o estado no ápice da emergência climática. Na Amazônia, quase 70% dos municípios da Amazônia Legal já decretaram estado de emergência por conta da seca severa dos rios. Há comunidades inteiras isoladas e com difícil acesso a alimentos e água potável. O tempo seco contribuiu, ainda, para a proliferação das queimadas, que destroem florestas e plantações e poluem o ar.

Por isso, o MAB junto a outras 200 organizações lançou um Manifesto em Defesa da Amazônia e um campanha emergencial de solidariedade para a distribuição de água pelas populações que tiveram o acesso à água potável comprometido na região.

Reparação e participação dos atingidos

Durante as caminhadas, ocupações e assembleias promovidas pelo MAB, a população também reivindicou o fim da impunidade para empresas responsáveis pelo rompimento de barragens que destruíram rios, cidades e comunidades inteiras no país, como no caso da Samarco, Vale e BHP Billiton, que até hoje não repararam as populações atingidas da Bacia do Rio Doce, quase 10 anos depois do crime de Mariana (MG). A Vale também segue impune pelo crime de Brumadinho, que vitimou 272 pessoas.

“A mobilização de tantos atingidos em tantos territórios diferentes unidos pela mesma causa nesse dia é uma grande vitória. Essa jornada demonstra a força e a consciência de uma população que luta para transformar o atual modelo econômico e as relações com o meio ambiente para ter uma vida mais digna.  Além de uma mudança estrutural, é muito importante reivindicarmos também políticas públicas emergenciais que garantam direitos básicos dos atingidos, como a moradia digna, uma questão central, porque é sobre o direito de viver”, afirma Tatiane Bezerra, integrante da coordenação do MAB.

Além de protestar contra a situação de vulnerabilidade dos atingidos, o MAB apresentou, neste Dia da Amazônia, uma série de propostas para o poder público, de acordo com cada realidade regional.

Confira as principais reivindicações dos atingidos

Atingidos participam de plantio de mudas na zona leste de São Paulo (SP). Foto: Camila Fróis / MAB

Atendimento às populações atingidas pela seca na Amazônia
Em diferentes estados da Amazônia Legal, atingidos participaram de atos para exigir ajuda emergencial para comunidades que estão em situação de insegurança hídrica e alimentar, por conta das secas severas na região.

Reparação justa e participação popular na Repactuação do Rio Doce
Em Belo Horizonte (MG), atingidos do Espírito Santo e Minas Gerais caminharam pelas ruas da capital em direção à Praça 7, onde o ato denunciou os incêndios criminosos de florestas no país, a crise climática e a falta de reparação justa pelos crimes da mineração no estado. Uma das reivindicações levadas para a rua é a participação dos atingidos na mesa de repactuação do Rio Doce.

Moradia Digna para atingidos
No Rio Grande do Sul, atingidos pelas enchentes que devastaram o estado em 2023 e 2024 ocuparam as ruas de Porto Alegre (RS) e reivindicaram moradia digna para a população que aguarda a reparação do território. Participaram dos atos moradores da capital, do Vale do Taquari, do município de Canoas, do Alto Uruguai e da Fronteira Noroeste.

Plano de emergência para áreas de risco
Em São Paulo (SP), os atingidos da Zona Leste da capital realizaram uma caminhada que terminou na região do Jardim Lapenna, onde houve um ato com o plantio de 50 árvores. Na ocasião, o MAB lançou o documento “Propostas do Movimento dos Atingidos para São Paulo avançar”, com reivindicações para a nova administração da capital. Diante do agravamento da crise climática, o documento propõe 10 pontos de ação focados nas populações em áreas de risco na cidade, como a necessidade de um diagnóstico atualizado e cadastramento de todas as famílias em áreas de risco, a realização de um plano socioambiental para atendimento emergencial nessas áreas e construção de reassentamentos para populações atingidas por desastres naturais.

Justiça para atingidos da Bahia
Atingidos e atingidas pela Barragem Vazante/Baraúnas ocuparam as ruas de Seabra, na Chapada Diamantina (BA), para reivindicar justiça no processo de reparação às famílias que, desde 2016, vem sendo impactadas pela construção da barragem de responsabilidade da Cerb – Companhia de Engenharia Hídrica e de Saneamento da Bahia.

Ato em Belém (PA). Foto: arquivo MAB

O Movimento segue acompanhando as populações atingidas pelos eventos climáticos extremos no país e dialogando com o Governo Federal para o atendimento da pauta emergencial.

Para apoiar a campanha Salve a Amazônia

Doações

PIX
As doações podem ser realizadas por meio do PIX ou diretamente para a conta bancária da Associação Nacional dos Atingidos por Barragens (ANAB), pelo PIX: 73316457/0001-83.

Arrecadação de água em Porto Velho (RO)
Em Porto Velho, em parceria com o Ministério Público do Trabalho, o MAB também está recebendo doações de água que podem ser entregues na sede do Ministério Público do Trabalho – MPT (localizado na Av. Presidente Dutra, 4055 – Olaria), entre 7h30 até às 15h, durante todo o mês de setembro.

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