Revida Mariana: Atingidos protestam em assembleia da BHP na Austrália e distribuem kits com água poluída por lama a acionistas

Atingidos de Mariana foram até a Austrália para cobrar justiça para um milhão de moradores da Bacia do Rio Doce que aguardam reparação pelo crime cometido pela empresa em 2015


“Seu lucro não pode custar vidas do Brasil”. Com essas palavras de ordem, quilombolas, moradores de Bento Rodrigues (MG) e outros atingidos da Bacia do Rio Doce fizeram, nesta quarta, 01, uma ato na porta da Assembleia Geral Anual da BHP Billiton, na Austrália, para denunciar os impactos causados pelo crime ambiental da mineradora para os investidores da empresa.

Durante o protesto, que aconteceu na cidade de Adelaide, militantes entregaram fotos e garrafas de água poluída pelos rejeitos do rompimento para os acionistas e, com cartazes, cobraram reparação e justiça.  A mineradora, junto com a Vale, controla a Samarco, responsável pela Barragem de Fundão, que se rompeu em novembro de 2015, provocando a morte de 20 pessoas e despejando 43 milhões de m³ de resíduos tóxicos na bacia do Rio Doce. Desde então, mais de um milhão de moradores e integrantes de povos nativos enfrentam 8 anos de doenças, escassez de água e perda de suas áreas tradicionais de pesca, caça e agricultura. A negligência da BHP devastou todo um ecossistema, contaminou a vida selvagem, as plantas, a água e o solo.

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Segundo a integrante da coordenação do MAB, Letícia Oliveira, a ação faz parte de uma estratégia da Campanha Revida Marina, que pretende expor internacionalmente a postura de negligência e descaso das mineradoras BHP e Vale com os atingidos brasileiros. “Até hoje, as empresas não reconhecem todos os atingidos e tentam negociar indenizações insuficientes com parte dos moradores. Além disso, seguimos aguardando ações de recuperação adequadas para o meio ambiente, especialmente para os nossos rios, que eram fonte de subsistência essencial para tantas comunidades”, destaca.

Os presentes também montaram um cenário com velas para lembrar as vítimas do crime. “As mineradoras prosperam, os nativos brasileiros sofrem. Oito anos se passaram e ainda não temos justiça. Acionistas: seu lucro não pode custar vidas de nativos no Brasil. BHP, onde está sua responsabilidade? Brasileiros nativos exigem respostas”, diz o texto de um dos panfletos entregues.

O grupo que protestou na Assembleia Geral Anual da BHP também reforçou sua confiança na ação judicial contra a BHP que corre na justiça inglesa. A ação é movida pelo escritório internacional Pogust Goodhead, que representa mais de 700 mil clientes – dentre atingidos, indígenas, quilombolas, municípios, empresas, igrejas e concessionárias de serviços públicos. A ação deve ser julgada pela Corte Britânica em outubro/24, numa ação estimada em R$ 230 bilhões.

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