Militante do MAB tem poesia publicada em desafio internacional dos Defensores dos Direitos Humanos

Entre as 438 inscritas, a poesia de Rafael Zãn foi uma das 40 selecionadas para participar do e-book “Human Rights Defenders: Poetry Challenge” (Defensores de Direitos humanos: Desafio da Poesia, em português)


O Desafio da Poesia dos Defensores dos Direitos Humanos recebeu poemas de 58 países, incluindo “Prece de um Ansioso”, de autoria de Rafael Zan, que é militante do Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB em Altamira-PA. Ele foi um dos finalistas selecionados para divulgar sua obra no ebook do concurso.

O desafio foi idealizado pela University of York’s, juntamente com as organizações Protection International e ProtectDefenders.eu com o objetivo de reconhecer o trabalho de militantes, ativistas e lideranças que atuam na luta pela defesa de direitos humanos em todo o mundo, em diferentes áreas: seja o direito das mulheres, das crianças, dos indígenas, dos refugiados, dos LGBT ou daqueles que são submetidos a deslocamento forçado, como os atingidos por barragens, entre tantas outras pessoas que têm seus direitos básicos violados.

Segundo Rafael, ele começou a escrever compondo músicas com os amigos, até que percebeu sua relação intrínseca com a poesia. Quando começou a militar, passou a usar a escrita pra expor as desigualdades que testemunha, especialmente na Amazônia.

No poema publicado no desafio internacional, Rafael fala de fé, esperança e vulnerabilidade, denunciando o sofrimento dos brasileiros em situação de rua.

“(…) Eu sei que já está tarde
e tenho onde me deitar
que tenho um lençol que me aquece
E tenho o que me alimentar
Mas sei que estás aqui, ouvindo minha prece

 Lhe pergunto
 E os seres humanos que estão sem lar?
Jogados ao relento
Sem abraços de travesseiros, sem chá
Sem seu cobertor, largados ao vento

O que me dizes? O que farás?
Muitos creem em ti

E assim, de fome morrerás?
Eu lhe sinto
Sei que existe
(…)”

A militância a partir de Belo Monte

Rafael passou a atuar no MAB desde que foi afetado pela construção da hidrelétrica Belo Monte, a maior usina hidrelétrica construída na Amazônia, que deixou um legado de graves violações aos direitos humanos e ao meio ambiente. O saldo da obra inclui indígenas isolados ameaçados, ribeirinhos expulsos de suas casas — lutando para recuperar seus modos de vida -, sistema de saneamento básico incompleto, Terras Indígenas desprotegidas e rio Xingu barrado e degradado.

Diante dessas mazelas, Rafael tornou-se defensor de direitos humanos sem perder sua relação com a produção artística. Hoje ele usa sua sensibilidade e vocação para expor os diferentes problemas sociais que assolam a Amazônia e as ameaças que perseguem os defensores das minorias.

Ebook

Leia a poesia e de Rafael e dos outros autores selecionados no ebook.

território da Amazônia.

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