Assassinato de Dom Phillips e Bruno Pereira na Amazônia tem digitais do governo Bolsonaro
Segundo a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), o indigenista Bruno Pereira sofria diversas ameaças de madeireiros, garimpeiros e pescadores. Assassinato foi confirmado por fontes da Polícia Federal
Publicado 13/06/2022 - Atualizado 16/06/2022
Em julho de 2021, o repórter Dom Phillips escreveu uma matéria sobre a morte de nosso companheiro Jason Silva. Jason era militante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e morreu de Covid -19 aos 24 anos de idade, em Altamira (PA).
Naquele momento, Dom Phillips denunciou que a postura do presidente Jair Bolsonaro diante da pandemia estava diretamente relacionada às mortes e ao espalhamento da doença no interior do Brasil, em especial na Amazônia. Com tristeza e revolta, recebemos a notícia de que o próprio Dom Phillips tornou-se mais uma vítima da guerra travada por Bolsonaro contra a Amazônia.
Junto dele, tombou também o indigenista Bruno Pereira, exonerado de seu cargo na Funai em 2019, após coordenar uma operação que expulsou centenas de garimpeiros da terra indígena Yanomami, em Roraima. Bruno atuava junto à União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), apoiando os próprios indígenas na defesa de seu território, enquanto o governo se omitia.
Perdemos Bruno e Dom como perdemos Nicinha em 2016 e Dilma Ferreira em 2019. Foram pessoas que colocam seus corpos e sua voz a serviço da luta em defesa da floresta e dos oprimidos. Assim como Chico Mendes, Dema e Irmã Dorothy foram mortes anunciadas que atenderam aos interesses de poderosos.
Ao não proteger os ameaçados e ao não punir com rigor os mandantes, o Estado brasileiro historicamente é cúmplice desses crimes. No entanto, sob Bolsonaro, não há apenas omissão. Trata-se da execução de um projeto claro para a Amazônia: saque, destruição e morte.
Sob Bolsonaro, a violência na região encontra solo fértil. São processos em que a extração ilegal de madeira, o garimpo, a grilagem de terras e o tráfico de drogas estão cada vez mais organizados, com apoio explícito do governo Bolsonaro e políticos ligadas a ele. Nenhum defensor da floresta está seguro.
O MAB soma sua voz aos apelos para que as investigações cheguem aos mandantes deste crime e que episódios como estes não sejam mais tolerados. Além disso, Bolsonaro precisa ser responsabilizado pela demora e dificuldade para iniciar as buscas e pelo desrespeito à memória das vítimas, a quem chamou de “aventureiros”. É tarefa do povo brasileiro derrubar Bolsonaro para salvar a Amazônia e o Brasil.
Nosso apoio e solidariedade à companheira de Dom Phillips, Alessandra Sampaio, aos familiares de Bruno e Dom e aos povos indígenas do Vale do Javari.
Coordenação Nacional do MAB