MAB-ES encerra jornada de lutas relembrando o crime de Brumadinho
Após 3 anos do rompimento da Barragem da Mina Córrego do Feijão no Vale do Paraopeba, MAB realiza atos no Espírito Santo para cobrar reparação justa e promove distribuição de alimentos
Publicado 26/01/2022 - Atualizado 26/01/2022
Nesta quarta feira, dia 26 de janeiro, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) do Espírito Santo encerrou a jornada nacional “Atingidos em Luta por Justiça” com um ato simbólico que relembrou as 272 vítimas do crime da Vale na Bacia do Paraopeba. A manifestação reuniu parceiros para denunciar a falta de punição aos criminosos, a conivência das instituições de justiça com as grandes empresas e o risco que a mineração oferece a todos, como as chuvas deste verão mostraram.
A ação foi marcada também por uma campanha de solidariedade que o MAB-ES vem promovendo desde dezembro do ano passado. A ação, que é voltada para a distribuição de alimentos para famílias economicamente vulneráveis da região arrecadou mais de 90 toneladas de alimentos – em sua maioria produzidos pela agricultura familiar do estado – para serem doados tanto nos territórios atingidos, quanto na região metropolitana da capital Vitória.
Na ocasião, estiveram presentes ONG´s como a ASIARFA, entidades religiosas, como a campanha PAZ e PÃO da Igreja Católica, assim como sindicatos, como o SINDAEMA e SINDIPETRO, além da Central Única dos Trabalhadores – CUT e movimentos sociais e políticos como o Levante Popular da Juventude e o Movimento dos Pequenos Agricultores -MPA do Espírito Santo. Compareceram também nas manifestações representantes da Ocupação Chico Prego e do Instituto Raízes, presidentes de partidos como o PT e o PSOL, representantes do mandato da vereadora Camila Valadão e da deputada Iriny Lopes e a vereadora da capital Karla Coser, além de federações e associações de moradores e do Movimento Popular de Cariacica e Viana.
Essa ampla articulação faz parte do esforço que o MAB tem feito para sensibilizar as instituições envolvidas na mesa conduzida pelo Conselho Nacional de Justiça, que deve chancelar um novo acordo para a reparação do Rio Doce.
Embora não conte com a participação de nenhum atingido, a expectativa dessa “Repactuação” é alta, tendo em vista a ineficiência da Fundação Renova em conduzir o processo até agora. A representante legal das empresas rés do crime ocorrido no Rio Doce tem falhado repetidamente em reparar o ambiente, os territórios e a vida das famílias que continuam sofrendo com esse crime que é contínuo – já que nenhuma pá do rejeito tóxico foi retirado de dentro do Rio Doce pela Samarco, pela Vale ou pela BHP.
Nesse contexto de descaso das empresas, omissão do Estado e morosidade da Justiça, o MAB propõe o programa “Rio Doce Sem Fome”, que envolve uma renda mínima para as famílias dos territórios atingidos, segurança alimentar, através da garantia de alimentos saudáveis produzidos pela agricultura familiar, e participação social dos atingidos na reparação – através de mecanismos de gestão democrática do programa, a exemplo do que já foi experimentado com sucesso em políticas públicas há pouco tempo no País.