Atos no Dia da Consciência Negra têm protestos contra Bolsonaro em todo o país

Movimento dos Atingidos por Barragens participa de marchas que marcam o dia da morte de Zumbi dos Palmares e da luta antirracista no Brasil

Atos no Dia da Consciência Negra se somaram à Campanha Fora Bolsonaro nesse de 20 de novembro. Foto: Reprodução Coalização Negra por Direitos

Nesse sábado 20, integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) participam de atos e marchas da Consciência Negra em dezenas de cidades brasileiras. A palavra de ordem nas ruas é “Fora Bolsonaro Racista”. As mobilizações foram organizadas por coletivos do Movimento Negro em parceria com a Campanha Fora Bolsonaro. Em 2021, os atos marcam os 50 anos da instituição do Dia da Consciência Negra.

Em São Paulo, que deve reunir o maior número de participantes, a manifestação teve início na Avenida Paulista, ao meio-dia, com apresentações culturais e segue com discursos de diferentes lideranças dos coletivos presentes. Em cidades como Fortaleza (CE), Belém (PA), Altamira (PA), Florianópolis (SC), Dionísio Cerqueira (SC) e Barracão (PR), entre outras, os atos aconteceram na parte da manhã, com expressiva participação dos militantes do MAB.

Integrantes do MAB no ato da Avenida Paulista em São Paulo (SP). Foto: Douglas Mansur

Além de expor de forma geral a pauta da desigualdade racial e do genocídio da população negra, muitas falas denunciaram a política econômica do atual governo, que tem intensificado os problemas sociais que afetam diretamente a população negra no Brasil.

De acordo com o coordenador do MAB, Thiago Alves, para o Movimento é muito importante se envolver nessa programação nacional, porque ela representa a unidade na luta pelo Fora Bolsonaro. “O MAB também está na luta unitária pela superação do bolsonarismo como um programa político da extrema direita, que tem uma intencionalidade e um programa econômico que tem provocam a aguda crise social e política do nosso país”.


O militante, que também integra o Grupo de Estudos Raciais do MAB/MG, afirma que o ato  deste ano é um marco histórico, porque une todos os setores  da esquerda brasileira em uma mobilização política massiva com protagonismo negro. “A pauta do ‘Fora Bolsonaro’ é uma pauta intensamente conectada às pautas da questão racial no Brasil. Em um país que foi organizado historicamente a partir de um racismo estrutural, todos as pautas que violam direitos humanos e que produzem a fome no Brasil – como acontece agora – tocam de maneira muito mais aguda na população negra. Então, há uma coerência muito grande em fazermos desse Zumbi dos Palmares um dia de luta massiva que tenha a questão racial não como um tema secundário, mas um tema central”, analisa Thiago.

Marcha em Fortaleza (SC) seguiu até a Praça dos Leões no centro da capital

“No Brasil, a luta anti-Bolsonaro e a luta anticapitalista de forma geral passam pela questão racial como algo central e fundante e que perpassa todas as outras lutas, formando um nó muito complexo com o machismo, com o patriarcado, com a luta de classes. Essas três coisas estão imbricadas no Brasil, são a mesma coisa”, complementa o coordenador.

Segundo Thiago, cerca de 70% dos atingidos do Brasil são pardos e negros, embora não haja um dado preciso. “Nossa base é extremamente negra e extremamente marcada por essa lógica e por esse peso específico que a cor da pele traz no Brasil. Se nós formos pegar os territórios de construção de barragens ou os territórios com casos de rompimento, ou de risco de rompimento, todos eles estão em áreas de maioria negra, áreas vulnerabilizadas historicamente. Você não vai encontrar uma obra dessas em uma região valorizada, ou em áreas de condomínio onde a população é branca. Como nós vemos em Mariana, no distrito de Bento Rodrigues, em Brumadinho, no Córrego do Feijão, em Barão de Cocais, ou em Congonhas, no interior de Minas Gerais, é a população negra que está marcada por essas violações. Isso é resultado de uma intencionalidade, é resultado direto do projeto de colonização e genocídio que tem o povo negro como um foco de exploração e violência”, declara o coordenador.

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