4 anos do crime em Mariana: atingidos resistem e seguem na luta por reparação integral
Nesta terça-feira (5), os atingidos por barragens estão mobilizados, desde as primeiras horas da manhã na cidade de Mariana, Minas Gerais, para denunciar que, após quatro anos do crime da […]
Publicado 05/11/2019
Nesta terça-feira (5), os atingidos por barragens estão mobilizados, desde as primeiras horas da manhã na cidade de Mariana, Minas Gerais, para denunciar que, após quatro anos do crime da Samarco, Vale, BHP/Billiton, a reparação integral ainda não veio.
Foto: Isis Medeiros.
Logo no início da manhã, a rodovia MG-129 foi totalmente bloqueada na saída para Bento Rodrigues, distrito que foi mais afetado pela lama com o rompimento da barragem de Fundão, quando 19 pessoas morreram. Durante o ato, os atingidos dialogaram com os trabalhadores sobre a importância de chamar a atenção para a injustiça cometida pelas empresas.
Segundo informações da Fundação Renova, mais de 54 mil pessoas entraram com pedido de cadastramento na condição de atingidos na bacia do Rio Doce, deste, apenas 26 mil foram reconhecidos e 22 mil ainda aguardam resposta da reparação.
Para Pablo Dias, da coordenação do Movimento dos Atingidos por Barragens, que puxa a denúncia neste dia de luta, a data é importante, pois só comprova o alerta que o MAB faz sobre a enrolação da Fundação Renova criada com o objetivo de reparação e que é dominada pela própria empresa que cometeu o crime.
Uma casa, em solidariedade, a uma família atingida
Ainda na parte da manhã, os atingidos das bacias do Rio Doce e Paraopeba (reunidos no Encontro dos Atingidos desde domingo) se deslocaram para o município de Barra Longa, cerca de 50 quilômetros de Mariana, que também foi afetado com a lama tóxica e registra mais de 300 famílias com problemas relacionados à moradia, desde reformas de casas até a necessidade do reassentamento, de acordo com a Assessoria Técnica.
Foto: Coletivo de Comunicação do MAB.
Como parte da campanha A Vale destrói, o povo constrói, está prevista a construção de uma casa para a família de Yolanda Gouveia, atingida que teve a estrutura trincada da casa, onde vive atualmente de favor.
A casa será levantada em formato de mutirão com a contribuição de atingidos dos estados onde o MAB está organizado, além dos parceiros de luta e a sociedade como um todo que contribui com a arrecadação por meio de financiamento coletivo na plataforma catarse.
Para conhecer o local, e já colocar a mão na massa, os atingidos levaram tijolos e outros materiais como forma de solidariedade e para destacar que o que a Renova não fez em quatro anos, o povo consegue fazer em quatro meses, explica o movimento.
Mesmo depois que a casa terminar de ser construída, eu vou continuar nessa luta. A culpa é das empresas criminosas, são elas que têm que reparar a gente, afirma Yolanda.
Durante a tarde, os atingidos participantes do Encontro dos Atingidos de Mariana irão realizar um protesto nas ruas do centro da cidade para dar seguimento a programação do dia de luta e se somarem às manifestações unitárias, puxadas pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, com objetivo de chamar a atenção para que seja feita justiça à morte da vereadora carioca do PSOL, Marielle Franco, assassinada no ano passado.