Pensar a Amazônia a partir dos atingidos e defendê-la

Iniciou na manhã desta terça-feira (28/10) o Encontro dos Atingidos e Atingidas da Amazônia, com o tema Amazônia em risco: somos todos atingidos! Atingidos por barragens construindo redes de resistência. […]

Iniciou na manhã desta terça-feira (28/10) o Encontro dos Atingidos e Atingidas da Amazônia, com o tema Amazônia em risco: somos todos atingidos! Atingidos por barragens construindo redes de resistência. O evento acontece no Auditório do ICED, Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém (PA).

O objetivo do encontro é fazer uma análise estrutural do que está acontecendo na Amazônia, à luz das discussões que aconteceram no Sínodo da Amazônia e da conjuntura de ataques e ameaças. “Não é um encontro no sentido deliberativo, mas de troca de experiências, fortalecimento de uma análise comum e apontar caminhos para a luta e resistência”, afirma Iury Paulino, da coordenação do MAB. O encontro reúne cerca de 150 lideranças de 9 estados da Amazônia Legal brasileira, incluindo organizações parceiras.  

A mesa de abertura, contou com a presença do reitor da UFPA, Emmanuel Tourinho. “Nossa missão é produzir conhecimento para um desenvolvimento sustentável na região, o que não é possível sem a participação dos povos da Amazônia e das organizações que os representam, por isso a presença de vocês aqui é tão valiosa”, afirmou.

Tourinho destacou que a Universidade tem compromisso com a transformação da realidade no sentido de redução da desigualdade social, em especial na Amazônia. “Estamos em uma região par a qual nunca existiu um projeto nacional preocupado em gerar renda, inclusão e superação da desigualdade. O que temos são investimentos feitos na região para entender interesses de poucos e geralmente de fora da Amazônia”, afirmou.

Por isso, uma das preocupações da universidade tem sido apoiar iniciativas que tenham os povos da Amazônia, e não os recursos naturais, no centro da preocupação. Em outras palavras, o desafio é “como construímos um projeto que seja pensado pelos povos da Amazônia”.

Gilberto Cervinski, da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), também participou da mesa de abertura, trazendo uma análise estrutural do que está em jogo na Amazônia.  

Ele explicou que hoje vivemos a fase do capitalismo com hegemonia de dominação financeira: quem manda são os bancos e os fundos internacionais de investimento. Os Estados estão endividados e a solução proposta é privatização das empresas estratégicas, o fim dos serviços públicos e aumentar a exploração dos trabalhadores, retirando direitos.

“O que estão propondo é privatizar a floresta Amazônica, através da emissão de títulos de dívida verde, que significa entregar a floresta para os fundos financeiros mundiais. Essa solução para o capital representa o aumento da miséria e da exploração dos povos”, denunciou Cervinski. Ele também afirmou que a Amazônia está na mira dos Estados Unidos e que há planos do atual governo brasileiro de explorar a floresta em parceria com os americanos.

A única saída, segundo ele, é a organização popular para resistir a esta ofensiva. Ele deu o exemplo do que está acontecendo no Chile, Haiti e outros países do mundo, onde o povo está se levantando contra as medidas de austeridade impostas pelo capital internacional.

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