Fundação Renova faz testes de vibração em áreas atingidas sem explicação

Durante a primeira quinzena de abril, a Fundação Renova está fazendo a análise de vibração nas ruas de Paracatu de Baixo e Monsenhor Horta, distritos do município de Mariana, e […]

Durante a primeira quinzena de abril, a Fundação Renova está fazendo a análise de vibração nas ruas de Paracatu de Baixo e Monsenhor Horta, distritos do município de Mariana, e nas ruas dos municípios de Acaiaca e Barra Longa. A Renova instalou um aparelho que mede as vibrações e aumentou a frota de caminhões nessas ruas durante os dias da análise.

Foto: Wandeir Campos/Jornal A Sirene


Nos distritos e municípios essa ação causou estranheza visto que o momento de tráfego mais intenso de caminhões pesados nesses locais já ocorreu há meses e que agora, mesmo que alguns caminhões voltem a passar para simular uma vibração, não será possível recriar a situação de quando a Samarco/Renova faziam a retirada da lama dos locais, ou a reestruturação de áreas atingidas.

“Essa atitude é, no mínimo, cômica, já que não existe mais a lama que invadiu a cidade, os caminhões que a transportavam para outros locais para liberar a passagem dos moradores de um lado para o outro, as carretas enormes transportando tratores e depois pedras, tratores de esteira dia após dia trafegando nas ruas”, diz Laura Lanna, atingida de Barra Longa.

“Não sabemos quem autorizou isso, não fomos consultados nem avisados e quando ficamos sabendo questionamos prefeitura e Fundação Renova. Precisamos saber para que a Renova está fazendo isso e onde vai usar os dados dessa análise que não analisa a situação real, reivindica Simone”, atingida em Barra Longa e militante do MAB.

Durante as obras de retirada da lama e reestruturação das áreas atingidas, o tráfego intenso de maquinário pesado nesses locais provocou trincas e rachaduras em casas, danificou a pavimentação das ruas e trouxe insegurança a moradores que antes andavam com maior tranquilidade por essas ruas. Em Barra Longa foi feito um processo de pressão popular em que a Fundação Renova foi obrigada a reformar mais de 200 moradias que tiveram suas estruturas abaladas após esse aumento de tráfego, apesar da Renova não reconhecer que os veículos a seu serviço tenham causado esses abalos.

Agora a Fundação Renova parece querer ter dados para dizer quais vibrações os seus veículos causam e se preparar para uma possível nova onda de aumento de tráfego com as construções dos reassentamentos próximos a essas localidades. O município de Acaiaca e o distrito de Monsenhor Horta aguardam ainda reconhecimento da Renova para a realização da reforma das moradias abaladas e outras ações que sejam necessárias. Odete, moradora de Barra Longa e atingida, diz que “hoje com a passagem dos caminhões para essa simulação aí, quebraram um pedaço do meu passeio e dos meus vasos de plantas. É um absurdo viver isso mais uma vez”.

Mais uma vez a Fundação Renova viola direitos e inventa a realidade, gastando recurso e tempo não para reparar os atingidos, mas sim para se munir de informações irreais e que os atingidos não sabem para que serão usadas.

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| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

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