Rico, doente ou morto
O grupo não é grande: 20 pessoas. Mas a indignação é enorme! Faz três anos de crime da Vale/BHP/Samarco. Nenhum criminoso preso e quase tudo, ainda, por resolver. As pessoas […]
Publicado 10/12/2018
O grupo não é grande: 20 pessoas. Mas a indignação é enorme! Faz três anos de crime da Vale/BHP/Samarco. Nenhum criminoso preso e quase tudo, ainda, por resolver.
As pessoas se dirigem ao escritório da Renova, em Mariana. Reivindicam seus direitos. Nos desafios da vida e na experiência do MAB vão percebendo que direito não cai do céu. Só a luta traz conquista real.
Um dos atingidos participantes, passa mal. E desmaia. No dia 23 de novembro de 2018.
Cria-se, então, um reboliço louco. Preocupada com sua imagem, unicamente com ela, a Renova se move. Chega a Polícia Militar. Vem o Corpo de Bombeiros. Todos em socorro do atingido, no chão.
Com um cinismo invejável, a Renova tenta responsabilizar a mobilização pelo transtorno sofrido pelo atingido. A mesma tática do dia do ápice do processo criminoso, no rompimento de Fundão, em 5 de novembro de 2015. Na ocasião, quis culpar a natureza.
É claro que a desculpa não funcionou.
Alguns dias após a manifestação em Mariana, chega a notícia de que o atingido que passou mal na reunião é reconhecido pela Renova, que lhe garante algum direito, ainda que pouco.
Junto da notícia, vem a indignação. Não pela justeza do reconhecimento. Melhor tarde do que nunca! Mas por causa da circunstância. O desmaio é que foi reconhecido, não propriamente o atingido.
Essa é uma prática curiosa da Renova. Amiúde e reincidente: o critério gerador de direito são a morte e a doença. Ainda que um direito precariamente reconhecido, atrasado e, por vezes, sem mais sentido.
Além desse critério extremo, existem outros dois: dos enricados, visível nas grandes fazendas, e dos seus capachos.