Caso Berta: Justiça incompleta
A Justiça hondurenha condenou nesta quinta-feira (29), sete das oito pessoas indiciadas no assassinato de Berta Cáceres, assassinada por lutar contra a hidroeléctrica Agua Zarca e em defesa dos direitos […]
Publicado 30/11/2018
A Justiça hondurenha condenou nesta quinta-feira (29), sete das oito pessoas indiciadas no assassinato de Berta Cáceres, assassinada por lutar contra a hidroeléctrica Agua Zarca e em defesa dos direitos do povo Lenca em Honduras. Para a família e as organizações populares o julgamento não satisfaz as exigências de justiça .
Foto: Martín Cálix
Após quase três anos do brutal assassinato da nossa companheira Berta Cáceres, a Justiça de Honduras emitiu uma sentença no caso. Dentre os condenados estão os pistoleiros que dispararam contra ela no dia 2 de março de 2016, dois ex militares e dois funcionários da empresa DESA, concessionária do projeto hidroelétrico Agua Zarca, no rio Gualquarque.
Numa nota divulgada ontem (29), o Conselho Cívico de Organizações Populares e Indígenas de Honduras (COPINH), denuncia: Desde o início deste processo, há quase três anos tem ficado claro que o assassinato de Berta Cáceres foi planejado pela diretoria da empresa DESA, para ser executado por assassinos contratados vinculados às Forças Armadas de Honduras. Porém, o Estado hondurenho constantemente tem colocado obstáculos para a revelação da verdade e a condenação dos mandantes do crime, e tem impedido inclusive a participação das vítimas e seus defensores legais no processo.
Foto: Martín Cálix
O Copinh denuncia que a família Atala Zablah (accionistas donos da empresa DESA) está por trás de tudo o entramado de perseguição, assédio, ataques e ameaças que levaram ao assassinato de Berta. Os autores intelectuais do crime não foram julgados: a impunidade que até hoje desfrutam os autores intelectuais do crime faz parte do esquema de corrupção e violência que sustenta o modelo extractivista e saqueia nossos povos.
Mas nossas companheiras e companheiros afirmam: Com o capítulo que se encerra hoje (29) -a condenação do escalão mais baixo da estrutura criminal com que o Estado de Honduras pretende silenciar a demanda por Justiça- não termina a luta por justiça para Berta Cáceres e o povo Lenca. Ao contrário: se aprofundarão nossos esforços.
O MAB presta total solidariedade ao COPINH, aliado na luta e membro do Movimiento de Afectados por Represas en América Latina (MAR), e a todo o povo Lenca. Continuaremos juntos na luta por justiça, e pelo esclarecimento da verdade no caso.
Justiça para Berta é justiça para o mundo!
Águas para vida, não para morte!