Mineradora Belo Sun contrata general para dialogar com os atingidos
A mineradora canadense Belo Sun, que pretende extrair ouro da Volta Grande do Xingu (PA), contratou o general e ex-presidente da FUNAI, Franklimberg de Freitas, para presidir o Conselho Consultivo […]
Publicado 24/07/2018
A mineradora canadense Belo Sun, que pretende extrair ouro da Volta Grande do Xingu (PA), contratou o general e ex-presidente da FUNAI, Franklimberg de Freitas, para presidir o Conselho Consultivo para assuntos indígenas, comunitários e ambientais.
A Belo Sun teve a licença de instalação para seu projeto suspensa judicialmente. Um dos motivos foi a ausência de consulta aos povos indígenas dos territórios Paquiçamba e Arara da Volta Grande, vizinhos do projeto.
O General da Reserva foi presidente da FUNAI entre maio de 2017 e abril de 2018, indicado pelo Partido Social Cristão (PSC). Quando Franklimberg assumiu, foi alvo de denuncias da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) devido à militarização no órgão indígena e associação aos interesses dos ruralistas, inimigos da causa indígena.
A empresa anunciou a criação do Conselho Consultivo para assuntos indígenas, comunitários e ambientais cuja função é fornecer assistência estratégica para completar o estudo indígena e aconselhar sobre assuntos relacionados ao meio ambiente, comunidades locais e povos indígenas durante a construção e operação do projeto de ouro da mineradora canadense.
No último período a mineradora Belo Sun tem acirrado o conflito na região da Volta Grande do Xingu, chegando ao ponto do prefeito do município de Senador José Porfírio, que sediará o projeto, ter feito professores e pesquisadores de reféns durante um seminário na Universidade Federal do Pará em Belém. As pessoas que são contra o projeto da mineradora denunciam que sofrem ameaças constantes.
Na prática, a contratação de um general para presidir o Conselho significará o endurecimento da relação da empresa com os atingidos, haja visto a empresa não ter um Plano Básico Ambiental (PBA) que contemple um reassentamento para os atingidos das vilas da Ressaca e Galo, a empresa não reconhecer a comunidade Ilha da Fazenda como atingida e não considerar a sobreposição de impactos com os de Belo Monte, afirma Jackson Dias, da coordenação do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), que atua na região.