“É um tempo de guerra, é um tempo sem sol”

  Pela memória da luta de Marielle e do camarada Anderson e pela dor invisível de suas companheiras! MAB – AGUAS DE MARÇO DE 2018.   Estamos vivendo tempos duros […]

 

Pela memória da luta de Marielle e do camarada Anderson e pela dor invisível de suas companheiras!

MAB – AGUAS DE MARÇO DE 2018.

 

Estamos vivendo tempos duros no Brasil, desde o golpe e a intensificação do processo de retirada de direitos, estamos assistindo ao massacre de trabalhadores, como Pau D’Arco, Colniza, perseguição indiscriminada a lutadores sociais. Apenas no ano de 2017 foram 62 defensores e defensoras de direitos humanos assassinados no Brasil. Nesse cenário atuam tantos agentes privados, como agentes públicos, e são fortemente marcados pela crueldade e extrema violência.

Esse processo ganha ainda mais requinte de brutalidade com a intervenção federal no Rio De Janeiro, estabelecida pelo decreto nº. 9288 do presidente Michel Temer. Um decreto absurdo que não especifica seus alcances e execução, não apresenta justificativas para a medida excepcional, sem assegurar quaisquer garantias e respeito aos direitos humanos, principalmente à vida e à integralidade pessoal.

A violência no Rio não é apenas um “caso de polícia”, do qual o aumento da repressão nunca representou a resolução dos problemas. É preciso ir mais além, no compromisso das instituições governamentais, legislativas e do sistema de justiça em resolver as desigualdades estruturais que conformam esse cenário, primando pela proteção de sua população.

Marielle era uma mulher, negra, de periferia, lesbica, que conhecia em sua pele a gravidade da situação de sua cidade, era uma pessoa que enfrentava as diversas questões sociais com fulgor, inclusive foi eleita, com uma campanha para acabar com essas desigualdades, sendo uma das vereadoras mais votadas na cidade. É inegável que trabalho em defesa dos direitos humanos a colocava em uma situação de risco, assim, seu assassinato escancara a fragilidade no sistema de proteção dos defensores de direitos humanos no país.

A marca da atuação de Marielle, e de tantos lutadores e lutadoras do povo é atacar as problemáticas em sua raiz, e a única forma de anular esse processo é o extermínio. Num momento em que as elites brasileiras, escancaram sua barbárie em discursos misóginos, racistas, fascistas, pouco a pouco, no cenário de ataque as políticas públicas, esses discursos vão se materializando.

A todos lutadores/as defensores de Direitos Humanos, pode haver tempos mais escuros, duvidosos e de dor. Mas não nos faltará esperança e vontade de seguir a luta, por justiça e direitos sociais. Nossa meta é que o Sol brilhe para todos. A energia e o legado de Marielle será nossa inspiração. Agora gritaremos Marielle, Nicinha, Berta Cárceres – Presente! Presente! Presente!      

Coordenação Nacional do Movimento dos Atingidos por barragens – MAB

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