No ES, pescadores atingidos pela Samarco fecham trilhos da Vale

Na manhã de terça-feira (13), a jornada de lutas dos atingidos começou no Espírito Santo com a ocupação dos trilhos do trem da Vale, na altura de Carapina, município de Serra. Aproximadamente 50 atingidos e atingidas protestaram durante 3 horas. A ação ocorreu pela falta de diálogo com as empresas.

Na pauta estadual apresentada aos funcionários da Vale, encontra-se a situação dos pescadores camaroeiros da Praia do Suá, localizada em Vitória (ES). Eles vivem da pesca na Foz do Rio Doce, que está proibida até a zona de 20 metros de profundidade, local onde se encontra mais camarões, além da problemática da contaminação da água. Esses pescadores não foram reconhecidos como atingidos pelas empresas, e estão vivendo em situação de alta vulnerabilidade social.

Pescador há 35 anos, Brás Clarindo, destaca que os custos da pesca aumentaram porque eles têm que se deslocar mais, indo para zonas onde não encontram a mesma quantidade e qualidade do camarão. Segundo ele, não estão conseguindo nem a metade da capacidade produtiva, o que tem gerado grande endividamento das famílias.

Além dessa pauta, apresentaram como demandas para o estado o reconhecimento de novas categorias e realização de novos cadastros, como os surfistas; revisão das indenizações e estabelecimento de uma matriz de danos dialogada com as comunidades; a implementação imediata das assessorias técnicas previstas no termo aditivo ao TAP (termo de ajuste preliminar) celebrado entre empresas e Ministério Público Federal (MPF); a revisão total da proposta de governança da bacia com ampla consulta e apoio das assessorias técnicas; e a abertura de mesas de negociação em todos os municípios atingidos, entre comissões de atingidos, MPF, DPU, DPE.

Os atingidos e as atingidas desocuparam os trilhos com a confirmação da realização de reunião com o representante da Renova no estado, Sérgio, marcada para a próxima quinta-feira (15/03), na cidade de Linhares (ES), para apresentação da pauta completa. Além do comprometimento de uma reunião dos atingidos com o CIF (Comitê Interfederativo) e a Presidência da Renova, no dia 28 de março, também em Linhares, tendo como garantia da Vale que nesse grupo de diálogo tenham diretores com poder decisório.           

Para Heider Boza, da coordenação do MAB, “o resultado foi bom, saímos felizes com a abertura de espaços de diálogo, mas ainda apreensivos até que as pautas sejam totalmente concretizados. Por seguiremos mobilizados”.