Semente de liberdade

Assassinada há exatos dois anos, Berta Cáceres continuará sendo um exemplo de resistência popular ao avanço desenfreado do capitalismo. Foto: Prêmio Goldman Há dois anos, em março de 2016, Berta […]

Assassinada há exatos dois anos, Berta Cáceres continuará sendo um exemplo de resistência popular ao avanço desenfreado do capitalismo.

Foto: Prêmio Goldman

Há dois anos, em março de 2016, Berta Cáceres foi assassinada por defender os rios. Em Honduras, que é um dos países mais perigosos do mundo para ativistas ambientais, Berta, que era fundadora e a principal liderança do Conselho Cívico de Organizações Populares e Indígenas de Honduras (COPINH), lutava contra a instalação da Hidroelétrica Agua Zarca (propriedade da empresa hondurenha DESA) no rio Gualcarque.

A morte de Berta ocorreu no meio de uma forte luta contra o projeto, e o COPINH responsabiliza a empresa, que a tinha perseguido e ameaçado constantemente, e o Estado hondurenho, que deveria ter garantido sua integridade. Um informe internacional publicado em novembro de 2017 demonstra que de fato o crime foi ordenado por diretores da empresa DESA, em aliança com forças de segurança do Estado.

Em diálogo com o coletivo de Comunicação do MAB, Bertha Zúñiga Cáceres, filha de Berta e liderança do Copinh, disse: “o modus operandi da empresa segue o mesmo padrão que seguem todas as empresas de Honduras, como também todas as empresas na América Latina. Esse assassinato faz parte de um plano, que eles denominaram como um plano contra a insurgência, para acabar com o Copinh, por ser um exemplo de resistência que luta contra o modelo neoliberal e que faz a defesa dos territórios”.

Sobre o exemplo da sua mãe, Bertha ponderou: “ela é inspiração de luta, de força, de coragem e valentia para continuar em meio a todas as adversidades possíveis. É dizer que “não, nós não vamos sair de nossos territórios. Porque é isso o que eles querem, nos colocar medo e nos paralisar. Querem que nós saiamos de nossos países para que não sigamos lutando. E ela nunca se foi, apesar de todas as ameaças”.

E acrescentou: “nós dizemos que ela é essa coletividade, que é essa gente que luta. Resistência. E por isso nós dizemos que ela não morreu, que ela se multiplicou. Porque ela vive e se faz presente nesse trabalho que vivem muitas comunidades enfrentando toda a agressividade de projetos hidrelétricos, de projetos saqueadores e assassinos como Agua Zarca”.

Berta ganhou o prêmio Goldman (uma espécie de Nobel ambiental) em 2015.  Na cerimônia de entrega, ela disse algumas frases que ficarão na história de luta da humanidade: “Dos rios somos custódios ancestrais (…) dar a vida de múltiplas formas pela defesa dos rios é dar a vida para o bem da humanidade e do planeta” e “a mãe terra, militarizada, cercada, envenenada, onde se violam sistematicamente direitos fundamentais, nos exige atuar. Despertemos humanidade, despertemos, já não há tempo!”.

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