Abertura do Encontro Nacional do MAB pauta soberania nacional

Com presença de Lula e representantes da esquerda brasileira, início do 8º Encontro Nacional do MAB mostra ousadia na luta e organização popular em defesa dos direitos e soberania nacional

Foto: Elza Cohen 

Vinte jovens acorrentados entram no Terreirão do Samba, local no Rio de Janeiro que recebe o 8º Encontro Nacional do MAB, realizado entre os dias 1 e 5 de outubro. Eles são atingidos de todo o país, que representam a si mesmos e a outros milhões de trabalhadores e trabalhadoras de todo o mundo aprisionados pelo sistema capitalista, que explora e mata para gerar lucro à burguesia.

Os jovens bradam aos outros 3.500 atingidos que os assistem e não mais temem a morte, não mais temem a escravidão, pois temem ainda mais a fome e a exploração. Juntos, em uma demonstração de união, arrebentam suas correntes e seguem na construção de um novo modelo de sociedade, em que os trabalhadores sejam de fato soberanos.

A mística teatral abriu o Encontro de atingidos e atingidas de todo o país, reforçando a comemoração dos 100 Anos da Revolução Russa em 2017. O tom seguiu nos discursos da mesa e debates para os próximos dias: soberania, distribuição da riqueza e controle popular. 

Foto: Vanessa Passos

Com a participação de mais de 30 organizações, o ponto alto do dia foi a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que parabenizou o MAB e declarou apoio aos atingidos e atingidas na conquista de direitos. “Parabenizo o MAB pela ousadia e coragem na realização deste Encontro num tempo tão difícil em que vivemos e pela escolha do tema da soberania”, afirmou Lula.

Às vésperas do Ato em Defesa da Soberania, também parte da programação do Encontro Nacional, os presentes na mesa reafirmaram a importância da unidade, da luta popular e das mobilizações de rua para combater as políticas entreguistas do governo de Temer. “Os nossos inimigos avançam, e vem em cima da nossa soberania. Tiram nossas águas, nossa energia, nossas terras, o fruto do nosso trabalho, toda a nossa riqueza. Temos que nos unir e nos mobilizar”, indigna-se Natali Santiago, do Levante Popular da Juventude.

Representando os mais de 70 delegados de vinte países diferentes presentes no Encontro, Francisco Rocael, da Guatemala, trouxe o exemplo histórico de seu país e declarou apoio aos trabalhadores brasileiros. “Em tempos de retirada de direitos, só com articulação e unidade conseguimos acabar com esse sistema, libertar nosso povo dessa miséria, libertar nosso povo das mãos dos capitalistas”.

Foto: Joka Madruga

“Com unidade e luta, sem dúvida vamos anular essas privatizações”, animou-se o senador Lindbergh Farias (PT). Ele disse que a riqueza gerada pelo pré-sal deve ser destinada ao trabalhador brasileiro, assim como a energia produzida no Brasil.

Convidada para o Encontro, a Presidenta Dilma Rousseff não pode estar presente, mas enviou uma carta onde afirmou sua admiração à luta do MAB. “Estou junto na luta pelo direito dos atingidos e em defesa da soberania. Juntos, vamos fazer avançar o Projeto Energético Popular para o Brasil”.

Ato em Defesa da Soberania

O ex-presidente Lula fechou a mesa, reforçando o ato desta terça-feira (3) e prevendo a o papel da organização popular na atual conjuntura do país. “Não tenho dúvida de que os movimentos sociais nesse momento vão fazer a diferença da história do Brasil”, garantiu o presidente.

O Dia de Luta Pela Soberania está marcado para este 3 de outubro, no Rio de Janeiro, quando a Petrobras comemora seus 64 anos. Construído com outras dezenas de entidades de trabalhadores, a ação busca denunciar e combater as políticas entreguistas do governo Temer, que ameaça o povo com aprivatização do Sistema Eletrobrás e da Petrobras.