Resposta dos atingidos pelo crime da Samarco ao Ministro de Minas e Energia

Foto: Beto Barata/PR

A luta vencerá a Lama

Mariana (MG), 21 de setembro de 2017.

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) repudia a declaração do Ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, feito nesta quarta-feira (20), em Nova York. Em seu discurso vergonhoso para convencer empresários, afirmou que o rompimento da barragem da Samarco foi um “acidente” e uma “fatalidade”. Afirmou ainda que a mineração é mal vista pela população brasileira e que “países vizinhos, como Argentina, Peru, Chile, Colômbia se orgulham e promovem a atividade mineral”.

Não poderia ser diferente a declaração de um Ministro golpista, que está vendendo a Amazônia, entregando o pré-sal, privatizando a Eletrobras, Petrobras e entregando as principais riquezas do nosso país aos banqueiros e transnacionais, que estão saqueando o Brasil. A declaração se assemelha com a lama da Samarco que foi jogada sobre o povo.

Não é de estranhar que sua declaração foi dada justamente no país onde suas elites imperiais golpeiam e agridem constantemente os povos do mundo, em um encontro com investidores de banqueiros e especuladores internacionais, que provavelmente muitos patrocinaram o golpe no Brasil e agora cobram a conta.

Fernando Coelho Filho sequer conhece a realidade dos atingidos pelo crime cometido no dia 5 de novembro de 2015, que ocasionou 19 mortes, um aborto forçado, destruiu centenas de casas, matou a biodiversidade da bacia do rio Doce, deixou um milhão de famílias sem água e trabalho. Além disso, as milhares de famílias atingidas que perderam tudo e até hoje não receberam seus direitos são apenas parte de um “acidente”, uma “fatalidade”.  Só pode ser má-fé para beneficiar ou proteger internacionalmente os responsáveis pelo crime acontecido em Mariana.

Defensor dos ricos e desconhecedor da realidade de Mariana, sua declaração revela como as elites brasileiras agem contra seu povo e seu país. Sobre o maior crime mundial, o ministro ilegítimo  tem coragem de dizer que foi uma “fatalidade”. Qualquer pessoa honesta e de bem, com o mínimo de grandeza, pediria demissão do cargo.

Gostaríamos de ver a coragem do entreguista Fernando Coelho em olhar nos olhos dos pais das crianças que morreram na lama e dizer que o problema delas é ter preconceito.

Quando o ministro argumenta que se precisa trabalhar para que outros “acidentes” não ocorram, ele esquece que o Congresso quer aprovar um código de mineração que facilitará ainda mais crimes como o de Mariana.

A lama da Samarco é a representação mais apropriada para o comportamento do ministro e de todo governo ilegítimo de Temer. Nossa resposta será nas ruas e levaremos a luta por justiça até a vitória completa. Nestes dois anos de lama e luta não nos calamos. A luta vencerá a lama.

Por fim, reafirmamos nosso compromisso e luta pela soberania nacional e aos trabalhadores e trabalhadoras convidamos para que todos estejam no nosso 8° Encontro Nacional, que será realizado no Rio de Janeiro entre 1 e 5 de outubro de 2017, e reunirá 4 mil atingidos para debater o projeto energético popular, fazer a luta contra a privatização e denunciar o crime de Mariana cujos impactos crescem a cada dia.

Água e energia, com soberania, distribuição da riqueza e controle popular!

Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB