Em Rondônia, atingidos barram EMTEC

O Projeto de Ensino Médio com Mediação Tecnológica (EMTEC) tem como base legal a LDB n.9.394/96, estabelecido por meio da Portaria N. 680/2016-GAB/SEDUC, de 08/03/2016, nas escolas da rede pública […]

O Projeto de Ensino Médio com Mediação Tecnológica (EMTEC) tem como base legal a LDB n.9.394/96, estabelecido por meio da Portaria N. 680/2016-GAB/SEDUC, de 08/03/2016, nas escolas da rede pública do estado de Rondônia. Trata-se do ensino sem  professor por meio de vídeo aulas, não apenas no campo como dito anteriormente pela secretaria estadual de educação (SEDUC), mas também nas grandes cidades.

Na análise do MAB a proposta não atende as reais necessidades da educação no campo, entre elas a construção de mais escolas e a contratação de educadores qualificados, além disso a metodologia de ensino, através de videoaulas, sem a presença do educador, não atende as especificidades das escolas rurais e ribeirinhas, dificultando ainda mais o aprendizado em sala de aula, favorecendo assim a evasão escolar. Desde 2015 a secretaria tenta instalar o EMTEC na Escola Municipal Henrique Dias, localizada em São Carlos, baixo madeira, onde funciona o ensino médio com extensão do Colégio Major Guapindaia localizado na capital.

De acordo com Helena Acácio, do MAB, a comunidade nem sabia o que era o EMTEC no início. “A SEDUC disse que daria computadores e internet a todos os alunos, que ficaram encantados, assim todos aceitaram. Aí entrou o MAB, que começou a chamar os professores para conversar sobre o EMTEC e a esclarecer a comunidade sobre o projeto”, explica.

“No inicio a participação dos professores foi tímida, então, em 2016 a secretaria conseguiu implementar a mediação. Durante as aulas os alunos começaram a ver que os computadores não funcionavam, a conexão de internet era ruim, e os alunos não conseguiam acompanhar. Então o MAB organizou uma segunda reunião com os professores, alunos e os pais, nessa reunião o apoio foi total a luta contra o projeto, foi onde começamos a lutar para barrar a mediação”, recorda Helena. 

Luta

Após as reuniões várias movimentações aconteceram, entre elas um abaixo-assinado que foi encaminhado ao Ministério Publico formalizando a denúncia. “Tínhamos o apoio da comunidade e dos alunos, porém os estudantes tinham que continuar estudando, então foi difícil caminhar, já em 2017 fomos informados que não haveria aula regular mais, somente com mediação, sem professores, então começamos a reunir a comunidade, porém a escola não informava isso na matrícula e nem se dispôs a conversar com a comunidade, os alunos iam começar as aulas mas não sabiam”, como conta Helena.

Outros dois abaixo-assinados foram feitos, desta vez com toda a comunidade, professores e alunos. Novamente foi entregue para o MP, que se reuniu com a comunidade e a SEDUC. A primeira vitória veio quando a direção da escola informou que o terceiro ano seria regular, com professores em sala, “porém não era o suficiente, o primeiro e segundo continuariam com mediação, então todos os alunos e alunas decidiram não se matricular no primeiro e segundo ano”, relembra Helena.

Passados fevereiro, março e abril, a direção informou que não haveria mais EMTEC pois os alunos não tinham se matriculado, então a direção e a secretaria cederam e voltaram ao projeto regular de ensino e fizeram a contratação de professores para a comunidade.

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| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

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