Nota de apoio e solidariedade do MAB ao MST
Um Estado de exceção não surge de um dia pra outro. Nas lições históricas de regimes totalitários, aprendemos que o ovo é chocado por um longo período para dar vida […]
Publicado 04/11/2016
Um Estado de exceção não surge de um dia pra outro. Nas lições históricas de regimes totalitários, aprendemos que o ovo é chocado por um longo período para dar vida à serpente. Vários foram os sinais do recrudescimento da ideologia e, consequentemente, de ações autoritárias, o que resultou na retirada de uma presidenta legitimamente eleita.
Hoje é um dia paradigmático desse processo do aumento do pensamento conservador. A ação Castra, da Polícia Civil, que prendeu oito militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), fere a liberdade de organização e os princípios que os movimentos sociais tanto prezam e ameaçam a nossa democracia.
Com um forte aparato repressor, utilizando helicópteros e metralhadoras, a polícia cumpriu mandatos de prisão de lideranças do MST no Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo. Neste último, invadiu a Escola Nacional Florestan Fernandes, um dos principais centros de formação humana e política da esquerda brasileira.
O objetivo dessa ação é enquadrar não apenas o MST, mas todos os movimentos sociais e a esquerda brasileira como organizações criminosas. Isso começou com a aprovação da Lei Antiterrorista, institucionalizada com a nomeação de Alexandre de Moraes para o Ministério da Justiça e agora realmente instaurada.
Por ser um momento decisivo, que já marcou a história, precisamos agir rapidamente para saber determinar o que virá depois desse dia. Não nos calaremos, pois calar é viver um grande período de terror, mas criaremos um grande movimento unificado e de massa contra os retrocessos e o fascismo que já não se disfarça.
Somos todos MST. Somos todos esse movimento que influenciou toda a esquerda brasileira e mundial. Somos todos esse movimento que nunca desistiu de lutar. Somos todos esse movimento que resistiu ao neoliberalismo e não se curvará ao governo golpista de Michel Temer.
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) repudia veementemente essa ação truculenta da Polícia Civil e presta total solidariedade aos companheiros e companheiras do MST. Nossa solidariedade de classe nos coloca muito preocupados, mas também em total atenção para resistir e enfrentar nossos inimigos.
Somos todos e todas MST!
Lutar não é crime!