Atingidos pela Samarco realizam Audiência Pública com CDH da Câmara Federal

Efeitos do crime da Samarco (Vale/BHP Billiton) na vida da população urbana, ribeirinha e indígena são debatidos em Governador Valadares (MG) Efeitos do crime da Samarco (Vale/BHP Billiton) na vida […]

Efeitos do crime da Samarco (Vale/BHP Billiton) na vida da população urbana, ribeirinha e indígena são debatidos em Governador Valadares (MG)

Efeitos do crime da Samarco (Vale/BHP Billiton) na vida da população urbana, ribeirinha e indígena são debatidos em Governador Valadares (MG)

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“5 de novembro marca um ano de lama, de luta e de impunidade. As empresas são criminosas e assassinas, e apesar das muitas provas ninguém está preso, não pagaram pelo que cometeram”, denuncia Ellen Dutra de Oliveira, do MAB, atingida de Barra Longa pelo crime da Samarco (Vale/BHP Billiton).

A “Audiência Pública – Os efeitos do crime na vida do povo após um ano, especialmente para os povos indígenas”, realizada no município de Governador Valadares (MG) pela Comissão de Direitos Humanos e Excluídos da Câmara Federal, é resultado da articulação do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), em denúncia ao crime e à impunidade do crime das mineradoras.

Compareceram ao evento a prefeita de Governador Valadares, Elisa Costa, membros da promotoria de justiça, a Defensoria Pública, representante dos povos Krenak e Tupiniquim, além de um indígena do Equador.

Giovani Krenak, 32 anos, explica que o crime da Samarco (Vale/BHP Billiton) afetou a população indígena não apenas econômica e culturalmente, mas também foi uma forte perda espiritual. “A gente tem o rio como algo vivo, algo que tem vida e com a lama os mais velhos orientam a gente a não entrar e não chegar perto do rio, porque o rio está morto”, afirma.

Ele conta que o povo Krenak sempre foi acolhido pelo rio, era algo que mantinha o espírito do povo vivo e lamenta por não ter tido a oportunidade de lutar por isso. A aldeia Krenak fica a cerca de 120 km de Governador Valadares, onde vivem 600 pessoas em 120 famílias.

A Audiência debateu a necessidade de garantia dos diretos dos atingidos pela lama de resíduos e a reparação das regiões e biomas afetados. O procurador regional do Ministério Público Federal, Edmundo Antônio Dias Netto, acompanha a Ação Civil Pública sobre o tema que corre no judiciário e afirma que a responsabilidade pela retomada da vida da Bacia do Rio Doce é de responsabilidade tanto das empresas Samarco, Vale e BHP Billiton como também de entes públicos “que exerceram mal a fiscalização desse empreendimento de mineração ou licenciaram sem quaisquer elementos técnicos a atividade minerária da Barragem de Fundão”.  

O espaço cedido pelas irmãs Ana e Andreia, do Colégio Franciscano Imaculada Conceição teve suas cadeiras ocupadas por atingidos e atingidas de toda a Bacia do Rio Doce, que mostraram à mesa que a organização é ponto fundamental para a conquista de direitos. “A situação dos atingidos é a mesma de um ano atrás, a pouca conquista que tivemos só foi possível pela organização e luta dos atingidos. Convocamos toda a população para estar na luta, não vamos baixar a cabeça”, reforça Ellen.

A audiência é parte das atividades da Marcha 1 Ano de Lama E Luta, realizada pelo MAB entre os dias 31 de outubro e 2 de novembro, como marco do aniversário de um ano do crime da Samarco (Vale/BHP Billiton).