Atingidos ocupam ferrovia da Vale em Baixo Guandu (ES)

“A Samarco vai ter que pagar”, foram os primeiros gritos da ocupação da ferrovia da Vale em Mascarenhas, distrito de Baixo Guandu (ES), pelos atingidos em marcha da bacia do […]

“A Samarco vai ter que pagar”, foram os primeiros gritos da ocupação da ferrovia da Vale em Mascarenhas, distrito de Baixo Guandu (ES), pelos atingidos em marcha da bacia do rio Doce. Por volta das 20 horas dessa segunda-feira (31), aproximadamente 300 pessoas impediram a passagem dos trens que transportam ininterruptamente minério de ferro do interior de Minas Gerais para o Porto de Tubarão, em Vitória (ES).

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Os moradores de Mascarenhas já haviam interditado a ferrovia três vezes, devido a negligência da Samarco (Vale/BHP Billiton) em relação aos impactos da barragem de Fundão no distrito. Anteriormente, grande parte da população vivia da pesca do rio Doce, que atualmente está totalmente paralisada.

A atingida e militante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Regiane, conta que os trancamentos ocorreram como últimos recursos dos moradores. “Tivemos que realizar a manifestação porque a Samarco negava assumir os impactos que ela causou na vida do povo daqui”, afirmou.

De acordo com Regiane, grande parte dos atingidos foi cadastrada para receber os cartões da Samarco somente depois das manifestações. Ainda assim, a maioria das mulheres pescadoras foi excluída do ressarcimento financeiro da mineradora.

Em decorrência dos trancamentos e da organização política dos atingidos na região, 13 atingidos pelo crime da Samarco (Vale/BHP Billiton) e militantes do MAB estão sendo processados pela Vale. As intimações chegaram justamente após de atos ou manifestações reivindicando os direitos negados pela mineradora.

De acordo com o militante do MAB, Pablo Dias, esse tratamento faz parte do modus operanti das mineradoras. “Uma empresa que foi corresponsável pela morte de 19 pessoas e pelo impacto social, econômico e cultural na vida de outras milhares, ainda tem a coragem de processar as suas vítimas”, indignou-se.

Os atingidos desocuparam a ferrovia por volta das 23 horas e seguiram em direção ao centro da cidade de Baixo Guandu.

#1AnoDeLamaELuta

A manifestação na linha de trem da Vale fez parte da marcha dos atingidos pelo rompimento da barragem de rejeitos de Fundão, de propriedade da Samarco (Vale/BHP Billiton). Na véspera de completar um ano, a lama afetou milhares de pessoas ao longo da bacia do rio Doce. A marcha seguirá o caminho contrário da destruição, de Regência (ES) à Mariana (MG), entre os dias 31 de outubro e 2 de novembro.

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| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

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