Atingidas expõem arpilleras na UFPA em Bragança

As arpilleras bordadas pelas mulheres atingidas por barragens na Amazônia, foram expostas durante o “2º Seminário de Etnobiodiversidade e Questões Socioambientais na Amazônia: saberes conjugados e socialidade multicultural”, nos dias […]

As arpilleras bordadas pelas mulheres atingidas por barragens na Amazônia, foram expostas durante o “2º Seminário de Etnobiodiversidade e Questões Socioambientais na Amazônia: saberes conjugados e socialidade multicultural”, nos dias 26 e 27 de outubro de 2016 na comunidade Vila Que Era e no campus da Universidade Federal do Pará (UFPA), em Bragança (PA).   

A exposição integrou a mostra de “Saberes, fazeres e sabores” da programação do evento e teve por título “Imagem das violações de direitos humanos através do bordado das mulheres arpilleristas atingidas por barragens na Amazônia”. A atividade objetivou discutir as práticas coletivas de resistência aos impactos socioambientais decorrentes do processo de implantação de hidrelétricas no Brasil, através narrativa imagética das mulheres atingidas por três empreendimentos hidrelétricos em desenvolvimento nas bacias hidrográficas do rio Xingu, Tapajós e Madeira, no estado do Pará e Rondônia.

Arpilleristas são mulheres que praticam um tipo especial de tapeçaria confeccionada por uma técnica de bordado originária das mulheres chilenas, o qual denomina-se pela palavra em espanhol “arpillera”. As temáticas relacionadas a realidade das mulheres na Amazônia foram destaque do seminário, e além das mulheres atingidas por barragens, foram discutidos os saberes das mulheres do Movimento Interestadual das Mulheres Quebradeiras de coco do Maranhão e do grupo de mulheres artesãs da comunidade Vila Que Era (PA).

Dona Nora falou das dificuldades que os moradores da Vila Que Era enfrentam diariamente para garantir o sustento de suas famílias. Ela reflete sobre os impactos socioambientais causados pelas empresas que se instalaram na região do Caeté e afirma que as mulheres são diretamente afetadas pelos empreendimentos, e que por isso, precisam participar ativamente dos processos de resistência e da proposição de alternativas sustentáveis. “A modernidade chegou e o empresário veio e colocou o seu barco para o grande porto [..] quem trouxe os problemas para esta vila, me desculpem a sinceridade, foram os homens e não as mulheres”, disse.

Para Jéssica Portugal, militante do MAB e aluna do programa de Pós-Graduação em Linguagens e Saberes na Amazônia (PPLSA) da UFPA, a exposição das arpilleras, possibilita refletir sobre os impactos socioambientais causados por hidrelétricas na Amazônia, e contribui para a o entendimento e reconhecimento da realidade e saberes das populações atingidas por barragens, em especial das mulheres atingidas, como integrantes da perspectiva de conhecimento interdisciplinar e fundamentais para a discussão das questões socioambientais na Amazônia.

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| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

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