Samarco insiste, mas luta dos atingidos contra diques em Bento Rodrigues continua
Durante primeira audiência de conciliação com MPF, Samarco, Vale e BHP ignoram pauta dos atingidos e cobraram agilidade na liberação do dique que pode alagar comunidade O Movimento dos Atingidos […]
Publicado 14/09/2016
Durante primeira audiência de conciliação com MPF, Samarco, Vale e BHP ignoram pauta dos atingidos e cobraram agilidade na liberação do dique que pode alagar comunidade
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) participou na tarde desta terça-feira (13) da primeira audiência de conciliação da ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal (MPF) contra a Samarco, a Vale e a BHP e que pede R$ 155 bilhões em reparação aos danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão.
Famílias manifestaram no prédio na 12ª Vara Federal cobrando direito à participação nas decisões. Dos 25 presentes, apenas 9 conseguiram entrar. Mas, a juíza Rosilene Maria Clemente de Souza Ferreira acolheu todas as questões que o MAB apresentou, incluindo Assessoria Técnica em Barra Longa, asfalto para Ponte Nova como necessidade para rota de fuga e questões envolvendo a saúde da população. No entanto, as empresas e sua multidão de advogados pautaram toda a reunião com a nova barragem em Bento Rodrigues.
Apresentado como única solução técnica para impedir a descida de rejeitos para os rios Gualaxo, Carmo e Doce, os diques são questionados por atingidos, movimentos sociais e órgãos ambientais. Temos a clareza de que o Dique S4 é uma manobra das empresas. Não para garantir a segurança dos atingidos, conforme alegado. Mas, para garantir o futuro da expansão da atividade mineraria, a destruição da memória do crime cometido e o alagamento de um patrimônio cultural e histórico que vai expulsar definitivamente as famílias daquele território, afirma Thiago Alves, integrante da coordenação estadual do MAB em Minas Gerais.
Thiago Alves ainda questionou o papel do Estado neste processo de debate com as empresas. Ficou nítido como os governos e seus órgãos estão empenhados em garantir os privilégios da Samarco. Hoje, o Advogado Geral do Estado de Minas foi, claramente, o Advogado Geral da Samarco. Nenhuma palavra sobre a pauta apresentado pelas famílias. Mas, a luta contra os diques em Bento continua. É uma questão de soberania e de respeito à memória das vítimas de um crime, completou.
Luta por autonomia e participação
Um dos acordos da reunião foi a realização três perícias: para avaliar os danos da tragédia; para verificar se as ações que estão sendo feitas estão de acordo e para avaliar a situação socioeconômica. De acordo com o procurador, estas perícias devem ser custeadas pela Samarco, mas vinculadas ao MPF.
Também ficou acertado a realização de 11 audiências públicas em localidades ao longo do Rio Doce até 16 de dezembro. Cinco delas devem ser feitas em comunidades até a Usina Hidrelétrica de Risoleta Neves, conhecida como Candonga, três em locais após esse ponto e outras três em comunidades tradicionais.
Simone Maria da Silva, atingida e integrante do MAB de Barra Longa, espera que estas reuniões possam ser, de fato, um espaço de reinvindicação e autonomia dos atingidos. Mas, questionou a decisão da realização das perícias. Como confiar nestes estudos se será a empresa a indicar os nomes? Não faz sentido!, reclama Simone.
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) continua mobilizado na bacia do Rio para questionar o processo de violação de direitos que continua crescendo. Respeito à autonomia das famílias, garantia do protagonismo no processo de reparação e punição para os criminosos da mineração é parte deste grande trabalho para reconstruir a Bacia do Rio Doce que cresce cada dia mais da Mariana e foz do Rio Doce.
Com informações do G1.