Movimento Rios Vivos enfrenta repressão na Colômbia

Mobilização pela Agua Colômbia! Estamos presenciando o avanço da criminalização da luta social em toda a América Latina e os povos tem sofrido com a perda das garantias de estados […]

Mobilização pela Agua Colômbia!


Estamos presenciando o avanço da criminalização da luta social em toda a América Latina e os povos tem sofrido com a perda das garantias de estados democráticos. Nesse momento, os companheiros da Colômbia lutam contra a instalação da hidroelétrica de Hidroituango, que será a maior do país.

Diante da repressão recente, o MAB vem manifestar sua solidariedade aos companheiros do Movimento Rios Vivos, e sua luta pela defesa dos direitos das comunidades atingidas pela mega-obra. Compartilhamos abaixo a denuncia da organização:

 

Paramilitares Gaitanistas ameaçam a cúpula agrária, étnica e popular, para parar os protestos pacíficos do Movimento Rios Vívos, no município de Valdivia

Como parte de Mobilização da Cúpula dos Povos Étnicos e Agrário, ontem, 31 de maio, foi realizada uma reunião em praça pública com o prefeito de Valdivia, Jonás Henao, e dada assistência a mais de 500 pessoas do Movimento Rios Vivos Antioquia.

Neste exercício da participação cidadã, os/as integrantes do movimento expressaram suas divergências pelas ordens de despejo que vem se dando na cidade de Valdivia e ao longo do Rio Cauca. Diante de toda essa situação, o mandatário se limitou a afirmar que não havia assinado qualquer documento.

No entanto, os barqueiros do Rio permanecem sendo vítimas de despejos em áreas de interesse para o desenvolvimento do projeto hidrelétrico Hidroituango. O empreendimento continua violando de forma sistemática o direito ao devido processo legal, porque, apesar dos barqueiros terem apresentado os recursos previstos pela lei, eles foram negados e não tiveram respeitados os respectivos tempos.

Outros questionamentos não tiveram respostas, como por exemplo, o porque o mandatário assinou uma carta no início deste ano dirigida a ANLA solicitando que se levantasse a ordem de suspensão imposta pela autoridade ambiental à empresa devido ao não cumprimento da licença ambiental; para os atingidos causou indignação que esta carta tenha sido firmada pelo mandatário e outros prefeitos da região sem ter conhecimento pleno sobre o expediente 2233 do projeto, nem dos processos sancionatarios que cursam contra EPM, nem da resolução 027 de 2016, promulgada pelo ANLA, como máxima medida em termos de danos ambientais evidenciadas durante visita de campo em novembro de 2015 – estes danos estão afetando desde 20 anos os municípios situados águas abaixo da represa Valdivia e do resto do cânion do Rio Cauca.

Neste espaço de debate público nem tiveram uma resposta convincente do porquê da negativa da administração municipal para empréstimo do coliseu e sua respectiva adequação, posto que os manifestantes hoje não tem água. Na situação de risco que se encontram os manifestantes é vital contar com um sítio seguro para resguarda-se.

Como complemento da jornada, os/as integrantes do movimento se dispuseram a marchar pelas ruas exigindo celeridade e atenção às petições da cúpula agrária que pautaram com o governo desde 2013 e exigiram atenção às problemáticas geradas em Hidroituango. Durante a marcha eles levantaram slogans que refletem a dor do desenraizamento que EPM tem causado aos ribeirinhos ao arrancar seu modo de vida e o acesso ao rio. Muitas vezes, através do uso excessivo da força.

No final da tarde, com grande surpresa recebeu-se a comunicação, que aparentemente era de conhecidos membros paramilitares de Gaitanistas da região, que no dia anterior tinha dito que para fazer uma mobilização era necessário pedir permissão. Em uma chamada telefônica eles disseram que os gritos de ordem do movimento não deveriam ser ditos, que não podiam manchar o nome da EPM e que se a mobilização não terminassem e fossem embora em duas horas, eles não iriam responder pelo que se passaria e que eles tinham gente em Valdivia que poderiam atuar em qualquer momento. Também se mencionou que o protesto deveria parar porque o comercio não podia fechar, no entanto, até o momento o comércio não tinha fechado, pelo contrario, havia aumentado pela presença da mobilização no município.

Para o movimento Rios Vivos estas ameaças ao coletivo limitam o direito constitucional ao protesto pacífico e resultam em suporte para a empresa EPM, porque o que se faz necessário é que a fiscalização investigue a ração pela qual um grupo como esse preste apoio à empresa construtora Hidroituango.

O Movimento Rios Vivos continua no município esperando estabelecer um diálogo na mesa nacional com o governo, estabelecer discussões bilaterais com a força pública, ministério da defesa e também é esperado com o governo de Antioquia para assegurar a garantia da integridade física e o exercício dos direitos dos cidadãos contra as ameaças sofridas.

Para o movimento é claro que estas jornadas de mobilização, como Valdivia e no resto do país, não são contra as pessoas, mas dos povos e para os povos, são para que o governo atenda as causas estruturais dos conflitos socioambientais e territoriais que estão despejando forçadamente populações mais vulneráveis e piorando as condições de vida no campo e na cidade.

Fazemos um chamado para que os atores armados entendam que as motivações não são individuais, mas para toda a Colômbia, que o nosso objetivo é viver em paz, e antes de atuar presume o diálogo para esclarecer as situações, porque a desinformação não pode cegar a vida de mais pessoas na Colômbia e no mundo, ainda mais nesse momento que precisamos unir nossos esforços para construir uma paz com justiça social e ambiental.

Falamos a todas as instituições para garantir a integridade de todos os membros do Movimento Rios Vivos, as organizações sociais, ambientais e de direitos humanos para ativar mecanismos de alerta precoces que deem garantia de nosso trabalho social e ambiental e de protesto pacífico no exercício de mobilização da Cúpula Agrária Étnica e Popular.

Os alimentos começam a escassear na zona e, por isso, fazemos um chamado de solidariedade para enviar alimentos não perecíveis e medicamentos ao coliseu de Valdivia, Antioquia.

Águas para a vida, não para a morte!

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| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

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