“Estamos contentes, mas a luta ainda não acabou”, dizem atingidos sobre suspensão de hidrelétrica

O Ibama suspendeu o licenciamento da hidrelétrica de São Luiz do Tapajós, no Pará, a maior prevista para ser construída no país e cujo leilão chegou a ser anunciado para […]

O Ibama suspendeu o licenciamento da hidrelétrica de São Luiz do Tapajós, no Pará, a maior prevista para ser construída no país e cujo leilão chegou a ser anunciado para o final deste ano.

A decisão do órgão ambiental foi tomada no mesmo dia em que a Funai publicou no Diário Oficial a aprovação dos estudos para a demarcação da terra indígena Sawré Maybú, do povo Munduruku. A barragem alagaria parte do território indígena e causaria a remoção dos índios, o que é proibido pela Constituição.

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), que vem organizando as comunidades ameaçadas pelo projeto na região, comemora a decisão, mas alerta que a luta só termina quando o projeto for definitivamente cancelado.

Confira a seguir alguns depoimentos dos atingidos sobre o assunto. Os vídeos foram gravados com o apoio da União Europeia e da Christian Aid, que apoiam o trabalho do Movimento na região, através do projeto “Direitos das mulheres atingidas por barragens”.

“Sempre quando eu vou falar de barragem eu choro muito, mas hoje eu estou feliz por saber que o Ibama suspendeu os trabalhos dessa barragem.” (Dona Teresa, moradora da comunidade Pimental, ameaçada pela hidrelétrica)

“A Funai não queria demarcar… sabendo que se ele [presidente da Funai] assinasse [a demarcação], a hidrelétrica não poderia sair.” (Alessanda Munduruku, aldeia Praia do Índio)

“Esse empreendimento não é bom para nós, o que é bom para nós é a nossa comunidade, o nosso sossego, a nossa liberdade.” (Edmilson Ribeiro Azevedo, morador da comunidade Pimental, ameaçada pela construção da barragem de São Luiz do Tapajós)

“Para nós mulheres é uma conquista, pois sabemos que as mulheres são as que mais sofrem com o processo de construção de barragens.” (Lucielle Viana, militante do MAB no Tapajós)

“Para nós trabalhadores, ribeirinhos, indígenas, quilombolas e outros, já foi uma vitória, mas a luta continua porque o processo é grande.” (Rizonildo dos Santos, da comunidade Pimental)

“Eu dou graças a Deus por existir os índios Mundurukus que nos deram essa força para defender o que é nosso, a nossa natureza, o nosso Tapajos.” (Geralda Couto do Santos, da comunidade Periquitos, ameaçada pela barragem de São Luiz do Tapajós)

“A luta não pára.” (Jeová Macedo, Itaituba, coletivo de juventude do MAB)

“A luta continua, até porque até agora não foi definido o cancelamento definitivo, então a partir de agora a gente vai ser organizar e lutar para isso.” (Heidy Lima, militante do MAB e moradora do Pimental)

“Nós já estávamos indo para a guerra, ir para Brasília brigar mesmo com o governo.” (Cacique Brasilino Paygo, da aldeia Praia do Índio, Itaituba)

“Agora nós temos que unir forças e continuar lutando para que esse projeto seja definitivamente barrado.” (Rejânia Macedo, coletivo de mulheres do MAB, Itaituba)

“Não dá para confiar nesse congresso golpista que temos hoje no país, pois ele pode aplicar mais um golpe mudando as leis para que se implante os projetos que estavam planejados.” (Iury Paulino, coordenação do MAB no Pará)

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| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

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